OAB-PE repudia música machista feita por apoiadores de Bolsonaro
O funk cantado durante marcha compara feministas a cadelas
“Dou para CUT pão com mortadela e para as feministas, ração na tigela. As mina de direita são as top mais belas enquanto as de esquerda têm mais pelos que as cadelas”, dizia o trecho de uma música machista cantada por apoiadores do candidato Jair Bolsonaro (PSL) na “Marcha pela Família”, em Recife (PE), neste domingo, 23. O funk causou revolta nas redes sociais.
Após a repercussão do vídeo da manifestação, a Comissão da Mulher Advogada (CDMA) da Ordem dos Advogados do Brasil, em Pernambuco, emitiu uma nota nesta segunda, 24, na qual repudia a letra cantada pelos bolsonaristas.
“Os estarrecedores trechos da música reduzem as mulheres à condição análoga de seres irracionais e incitam o ódio, a violência e o preconceito contra aquelas que se reconhecem feministas e/ou que têm orientação política diversa do aludido candidato”, afirma a OAB-PE no comunicado.
A música faz referências à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a políticos como Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Jean Wyllys (PSOL-RJ). Há também referências a Maria do Rosário (PT-RS), deputada federal com quem Bolsonaro se envolveu em uma polêmica ao afirmar que não a estupraria “porque ela não merece”.
A nota da OAB-PE é assinada pela presidente da CDMA, Ana Luiza Mousinho.
“Em tempos em que, a cada dois segundos, uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil, segundo dados do Relógios da Violência do Instituto Maria da Penha, não se pode admitir que, sob o manto da liberdade de expressão, qualquer partido político, seja ele de direita ou de esquerda, ofenda publicamente uma coletividade de mulheres, reforçando a cultura machista e misógina que, infelizmente, ainda insiste em matar muitas mulheres todos os dias”, ressalta a comissão no texto.
Leia a nota de repúdio na íntegra:
“A Comissão da Mulher Advogada (CDMA) da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Pernambuco, manifesta seu profundo repúdio a uma das músicas cantadas neste domingo (23.09) durante a “Marcha da Família” do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro, que aconteceu no bairro de Boa Viagem, na cidade do Recife.
A letra, entoada em coro, afirma que às feministas deve ser dada “ração na tigela” e que as mulheres “de esquerda têm mais pelo que cadela”.
Os estarrecedores trechos da música acima transcritos reduzem as mulheres à condição análoga de seres irracionais e incitam o ódio, a violência e o preconceito contra aquelas que se reconhecem feministas e/ou que têm orientação política diversa do aludido candidato.
Em tempos em que, a cada dois segundos, uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil, segundo dados do Relógios da Violência do Instituto Maria da Penha, não se pode admitir que, sob o manto da liberdade de expressão, qualquer partido político, seja ele de direita ou de esquerda, ofenda publicamente uma coletividade de mulheres, reforçando a cultura machista e misógina que, infelizmente, ainda insiste em matar muitas mulheres todos os dias.
Ana Luiza Mousinho
Presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB PE.”