Operação policial deixa três pessoas mortas e bebê ferido no RJ

Margareth é a 15ª vítima da violência que atinge o Rio de Janeiro desde a última sexta-feira, 9

Uma operação da Polícia Militar na noite desta terça-feira, 13, deixou três pessoas mortas e um bebê de um ano e nove meses ferido na comunidade do Quarenta e Oito, em Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro. As informações são do G1. Entre as vítimas, está a mãe da criança, Margareth Teixeira, de 17 anos.

A adolescente, de 17 anos,  Margareth Teixeira foi morta pela PM com seu filho, de 1 ano, nos braços
Créditos: Reprodução
A adolescente, de 17 anos,  Margareth Teixeira foi morta pela PM com seu filho, de 1 ano, nos braços

A estudante é pelo menos a quarta pessoa morta por tiros da polícia sem ter nada a ver com a operação em curso. Ela se soma a Dyogo Costa, 16, Gabriel Pereira Alves, 18, e Henrico de Menezes Júnior, 20, também mortos em comunidades fluminenses por ações da PM. Desde sexta-feira, 9, 15 pessoas foram mortas.

A jovem tinha o sonho de ser policial militar. Filha caçula de nove irmãs, a jovem morava na região há cerca de três anos, quando deixou Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para viver com o companheiro. Aluna do 7° ano do ensino fundamental de uma escola pública, Margareth sonhava casar na igreja.

“Estávamos juntando dinheiro para casar, vendo as alianças já. Eu amo muito essa menina. Era uma garota cheia de sonhos. Vai ser difícil agora, eu sozinho, sem ela, com nosso filho pequeno”, contou o operador de loja Daniel Coutinho, de 21 anos, que namorava com Margareth há quatro anos.

Os outros dois mortos são suspeitos que estavam com fuzis e efetuaram disparos contra os policiais, de acordo com a PM.

Margareth recebeu dez tiros e chegou morta ao mesmo hospital, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. O bebê foi baleado de raspão no pé esquerdo e na cabeça e passou por uma cirurgia. Está estável e internado, acompanhado da avó paterna.

Segundo os agentes, após o tiroteio, duas pessoas foram encontradas baleadas e encaminhadas para o Hospital Albert Schweitzer. Questionada, a Polícia Civil não informou o nome nem a idade dos dois homens

Os policiais encontraram com os suspeitos fuzis, duas pistolas, uma granada, munição e radiotransmissores.

Violência no Rio

A mãe do bebê é a sexta vítima da violência que atinge o Rio de Janeiro desde a última sexta-feira, 9.

Das 7h de sexta às 19h30 de terça-feira, 13, foram atingidos por balas perdidas ou mortos:

  • Gabriel Pereira Alves, 18 anos;
  • Lucas Monteiro dos Santos Costa, 21 anos;
  • Tiago Freitas, 21 anos;
  • Dyogo Costa Xavier de Brito, 16 anos;
  • Henrico de Jesus Viegas de Menezes Júnior, 19 anos;
  • Margareth Teixeira, de 17 anos.

Outras mortes levianas

As histórias dos jovens Gabriel, Dyogo e Henrico também causaram comoção e protestos em diferentes comunidades nos últimos dias.

Gabriel foi baleado no peito enquanto esperava no ponto de ônibus para ir à aula, na sexta, próximo ao morro do Borel (zona norte). Já Dyogo foi atingido nas costas e socorrido pelo avô ao sair de casa para ir treinar futebol, na segunda, na comunidade da Grota, em Niterói (região metropolitana).

Henrico levou um tiro na cabeça também na segunda, na comunidade Terra Nova, em Magé (a 60 km da capital). A polícia diz que ele era suspeito e estava armado, mas a família afirma que ele era estoquista de um supermercado e estava indo buscar uma motocicleta no conserto.

OAB

Em nota, a OAB-RJ manifestou “profunda preocupação com a política de segurança pública executada pelo governo do estado”, comandado por Wilson Witzel (PSL) e disse estudar medidas para lidar com problema, além de oferecer auxílio jurídico às famílias dos jovens assassinados.

PM

O porta-voz da PM, coronel Mauro Fliess, disse que “não existe fracasso (nas operações)”. “Agora, é importante frisar: não podemos admitir nenhum tipo de pré-julgamento. Todas essas ações são apuradas, não só pela Corregedoria da PM, mas também pela delegacia de homicídios.”

Governo do Estado

O secretário de Governo de Wilson Witzel (PSC) disse nesta quarta que lamenta “essas e todas as outras que possam acontecer” e insistiu que não há “política de enfrentamento” no RJ. “Não há um enfrentamento da forma como estão colocando. Nós estamos combatendo narcoterroristas e máfias”, afirmou Cleiton Rodrigues à TV Globo.