Opinião: Doria trocou o paraíso pelo inferno. E pode piorar muito
Foi uma cena humilhante. João Doria foi ao Rio se encontrar com Jair Bolsonaro. Era para ser a cena do dia, cercada de holofotes – tudo para ser usado e abusado no horário eleitoral.
Bolsanaro não apareceu, e Doria levou um chá de cadeira.
Este é apenas um detalhe mostrando que o ex-prefeito trocou o paraíso pelo inferno. Antes de deixar a prefeitura, ele tinha prestígio em alta, apontado como o “novo” e “gestor”- duas coisas que o Brasil deseja.
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Era visto como um forte candidato à Presidência, montado num projeto liberal – a Prefeitura de São Paulo seria sua vitrine.
Ao deixar a prefeitura, a taxa de rejeição de Doria explodiu e passou a ser visto como um “oportunista” e, no mínimo, um político com vícios tradicionais.
Ele foi chamado de “traidor” por seu padrinho, o ex-governador Geraldo Alckmin.
Uma parte do PSDB está se alinhando com o governador Márcio França, rival do ex-prefeito.
O principal articulador de Bolsonaro em São Paulo, o senador eleito major Olímpio, atacou-o fortemente. “Cara de pau”, desfechou, apoiando Márcio França.
O empresário Paulo Skaf, que teve uma boa votação na disputa ao governo, preferiu se alinhar a França.
Doria trocou o inferno pelo paraíso. Mas pode piorar: afinal, ele corre o risco de perder a eleição. E, aí, vai ficar sem nada. Apenas uma lembrança de um político que podia ter sido algo novo.