Papa dá cutucada em Bolsonaro em fala sobre Amazônia na ONU

Na última terça-feira, presidente culpou índios e caboclos pelos incêndios na Amazônia e Pantanal

25/09/2020 15:30

O papa Francisco deu uma cutucada no presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o desmatamento na da floresta Amazônica em discurso nesta sexta-feira, 25, durante a 75ª Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU). O sumo pontífice falou em “perigosa situação” da Amazônia e disse que a emergência ambiental está “intimamente ligada à crise social”.

“Penso também na perigosa situação da Amazônia e de seus povos indígenas. Eles nos lembram que a crise ambiental está intimamente ligada a uma crise social e que o cuidado com o meio ambiente exige uma aproximação integrada para combater a pobreza e a destruição”, disse o papa.

Papa Francisco dá cutucada em Bolsonaro em fala sobre Amazônia na ONU
Papa Francisco dá cutucada em Bolsonaro em fala sobre Amazônia na ONU - Reprodução/UNTV

“Não devemos deixar para as próximas gerações os problemas das anteriores. Devemos nos perguntar seriamente se existe entre nós a vontade política para mitigar os efeitos negativas da mudança climática, assim como para ajudar as populações mais pobres e vulneráveis, que são as mais afetadas”, acrescentou o sumo pontífice.

Na última terça-feira, 22, no discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU, Bolsonaro acusou índios e caboclos de serem os responsáveis pelos incêndios na Amazônia e Pantanal e que seu governo é “vítima de uma das mais brutais campanhas de desinformação contra a política ambiental de sua gestão”.

O papa Francisco também criticou os líderes globais. Ele lembrou que, há cinco anos, quando ele participou pessoalmente da assembleia anual da ONU, foi um período marcado por “um multilateralismo verdadeiramente dinâmico”.

“Foi um momento de grande esperança e promessa para a comunidade internacional, às vésperas da adoção da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Alguns meses depois, o Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas também foi adotado”, lembrou.

No entanto, o papa avalia que a comunidade internacional não foi capaz de colocar em prática os compromissos assumidos.