Designer coreano propõe parques com mais riscos às crianças

19/01/2017 17:13

Projeto de parques de Pyun Hae-moon para cidades sul-coreanas.
Projeto de parques de Pyun Hae-moon para cidades sul-coreanas.

A Coreia do Sul é conhecida por ser um país com cerca de 30 mil varejos funcionando 24 horas por dia. Porém, o que muitos desconhecem, é que a nação de 50 milhões de habitantes conta com mais de 60 mil parques dedicados às crianças, ou seja, o dobro do número de lojas de conveniência.

Apesar da grande quantidade, estes parques planejados para os pequenos têm alguns problemas. Em entrevista dada ao The Korea Herald, o designer Pyun Hae-moon diz que quase todos os parques infantis da Coreia do Sul são iguais e projetados para não oferecerem riscos às crianças, o que os tornam sem divertimento e afasta o público-alvo. “As crianças estão muito ocupadas para brincar e os parques são muito seguros, o que não é divertido”, afirma Pyun.

Crianças da Coreia do Sul não têm muito tempo para brincar em parques.
Crianças da Coreia do Sul não têm muito tempo para brincar em parques.

Além dos problemas de design, os parques não são frequentados porque as crianças sul-coreanas estão muito ocupadas para brincar, pois passam a maior parte do dia no trânsito entre casa e escolas. De acordo com Pyun, especialista em construção de parques infantis, elas ainda preferem jogos de computadores e bate-papo por telefone celular do que brincadeiras ao ar livre.

Segundo uma pesquisa recente divulgada pelo Korea Institute of Child Care, as crianças sul-coreanas têm uma vida ocupada, sendo que mais de 83% das que têm 5 anos e 36% das que têm 2 anos recebem educação privada em escola ou em casa – neste caso, através de tutores. O estudo revela ainda que algumas crianças de 5 anos recebem até quatro horas de aulas extras em um dia após o programa regular de jardim de infância.

Autor de livros infantis e especialista em educação infantil, Pyun estudou nos últimos 20 anos a importância da brincadeira para o desenvolvimento das crianças e cria espaços ideais para elas. Para procurar ideias, ele viajou para muitas cidades, incluindo Berlim, Londres e Tóquio.

Na opinião do designer, um parque infantil deve ser um lugar onde as crianças se divertem, aprendem a fazer amigos e exploram livremente o mundo. “Adultos, especificamente funcionários públicos, projetam e constroem playgrounds em cidades sem uma única chance de ouvir as opiniões das crianças. Não é irônico que os principais usuários de playgrounds nunca sejam ouvidos?”, alerta Pyun.

Ele também apontou o problema da padronização dos parques da Coreia do Sul, os quais, segundo ele, parecem ser feitos somente para crianças do jardim de infância e não para as de todas as idades.

Projeto de designer coreano propões que parques tenham mais elementos naturais e de riscos saudáveis às crianças.
Projeto de designer coreano propões que parques tenham mais elementos naturais e de riscos saudáveis às crianças.

O projeto proposto por Pyun, chamado “Miracle Playground“, já foi colocado em prática em Suncheon, província de South Jeolla. O parque construído tem, em vez de grama de borracha, areia e grama natural por todo o chão. Além disso, há troncos de árvores para que as crianças possam subir e saltar, e colinas gramadas para descanso e diversas possibilidades de brincadeiras.

Desde a abertura, cerca de 2.000 crianças e pais visitaram o parque infantil a cada semana. Em outubro passado, o local recebeu um prêmio pela melhor construção pública do país pelo Ministério da Terra, Infraestrutura e Transportes, por seu design criativo e ecológico. Agora, Pyun planeja construir mais dez parques do seu projeto nos próximos cinco anos.

O especialista diz que seu projeto permite que as crianças brinquem de forma criativa e nutrem o espírito de aventura. “As crianças não só têm o direto de aprender. Elas têm o direito de brincar”, afirma Pyun.

Para o designer, os pais sul-coreanos são muito preocupados com todos os tipos de riscos, mas os parques urbanos são os melhores lugares onde as crianças devem se arriscar e aprender a detectar e superar seus limites. “Riscos são diferentes de perigos. Os riscos são como passar através de uma ponte de agitação e perigos são peças de vidro quebradas no chão. Mas os pais às vezes confundem os dois”, explica.

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Com informações de Children And Nature.