Designer coreano propõe parques com mais riscos às crianças
A Coreia do Sul é conhecida por ser um país com cerca de 30 mil varejos funcionando 24 horas por dia. Porém, o que muitos desconhecem, é que a nação de 50 milhões de habitantes conta com mais de 60 mil parques dedicados às crianças, ou seja, o dobro do número de lojas de conveniência.
Apesar da grande quantidade, estes parques planejados para os pequenos têm alguns problemas. Em entrevista dada ao The Korea Herald, o designer Pyun Hae-moon diz que quase todos os parques infantis da Coreia do Sul são iguais e projetados para não oferecerem riscos às crianças, o que os tornam sem divertimento e afasta o público-alvo. “As crianças estão muito ocupadas para brincar e os parques são muito seguros, o que não é divertido”, afirma Pyun.
Além dos problemas de design, os parques não são frequentados porque as crianças sul-coreanas estão muito ocupadas para brincar, pois passam a maior parte do dia no trânsito entre casa e escolas. De acordo com Pyun, especialista em construção de parques infantis, elas ainda preferem jogos de computadores e bate-papo por telefone celular do que brincadeiras ao ar livre.
- Sesi-SP abre 6.000 vagas em cursos gratuitos na capital
- Cada cigarro rouba 20 minutos de vida dos fumantes, alerta estudo
- Fábricas de Cultura no ABC abrem quase 3 mil vagas para mais de 100 cursos gratuitos em 2025
- Campeonato de Cubo Mágico, teatrinho e música marcam as férias do Golden Square
Segundo uma pesquisa recente divulgada pelo Korea Institute of Child Care, as crianças sul-coreanas têm uma vida ocupada, sendo que mais de 83% das que têm 5 anos e 36% das que têm 2 anos recebem educação privada em escola ou em casa – neste caso, através de tutores. O estudo revela ainda que algumas crianças de 5 anos recebem até quatro horas de aulas extras em um dia após o programa regular de jardim de infância.
Autor de livros infantis e especialista em educação infantil, Pyun estudou nos últimos 20 anos a importância da brincadeira para o desenvolvimento das crianças e cria espaços ideais para elas. Para procurar ideias, ele viajou para muitas cidades, incluindo Berlim, Londres e Tóquio.
Na opinião do designer, um parque infantil deve ser um lugar onde as crianças se divertem, aprendem a fazer amigos e exploram livremente o mundo. “Adultos, especificamente funcionários públicos, projetam e constroem playgrounds em cidades sem uma única chance de ouvir as opiniões das crianças. Não é irônico que os principais usuários de playgrounds nunca sejam ouvidos?”, alerta Pyun.
Ele também apontou o problema da padronização dos parques da Coreia do Sul, os quais, segundo ele, parecem ser feitos somente para crianças do jardim de infância e não para as de todas as idades.
O projeto proposto por Pyun, chamado “Miracle Playground“, já foi colocado em prática em Suncheon, província de South Jeolla. O parque construído tem, em vez de grama de borracha, areia e grama natural por todo o chão. Além disso, há troncos de árvores para que as crianças possam subir e saltar, e colinas gramadas para descanso e diversas possibilidades de brincadeiras.
Desde a abertura, cerca de 2.000 crianças e pais visitaram o parque infantil a cada semana. Em outubro passado, o local recebeu um prêmio pela melhor construção pública do país pelo Ministério da Terra, Infraestrutura e Transportes, por seu design criativo e ecológico. Agora, Pyun planeja construir mais dez parques do seu projeto nos próximos cinco anos.
O especialista diz que seu projeto permite que as crianças brinquem de forma criativa e nutrem o espírito de aventura. “As crianças não só têm o direto de aprender. Elas têm o direito de brincar”, afirma Pyun.
Para o designer, os pais sul-coreanos são muito preocupados com todos os tipos de riscos, mas os parques urbanos são os melhores lugares onde as crianças devem se arriscar e aprender a detectar e superar seus limites. “Riscos são diferentes de perigos. Os riscos são como passar através de uma ponte de agitação e perigos são peças de vidro quebradas no chão. Mas os pais às vezes confundem os dois”, explica.
Veja mais: