Pelo fim dos cobradores, Doria quer tarifa mais cara em dinheiro

O prefeito João Doria (PSDB) estuda instaurar uma tarifa maior nos ônibus de São Paulo para o passageiro que optar em fazer pagamento em dinheiro.

A medida pretende pôr fim aos cobradores de ônibus na cidade. Segundo a Folha de S. Paulo, a disseminação de cartões com chip para pagamento de passagens tornou obsoleta a função do cobrador, que emprega cerca de 20 mil pessoas no sistema paulistano.

A reportagem revela que os cobradores arrecadam por ano cerca de R$ 300 milhões em dinheiro nas catracas, sendo que custam R$ 900 milhões ao sistema.

Com a tarifa diferenciada, haveria uma pressão para chegar a próximo de zero o já pequeno percentual de pessoas (6%) que fazem o pagamento em dinheiro dentro dos ônibus. Dessa forma, a função de cobrador se tornaria inútil.

Estudo da Prefeitura prevê fim dos cobradores de ônibus
Créditos: Getty Images
Estudo da Prefeitura prevê fim dos cobradores de ônibus

O presidente do sindicato dos motoristas e cobradores, Valdevan Noventa, diz, no entanto, que sem o cobrador, as viagens vão demorar bem mais, pois, além de arrecadar o dinheiro da passagem e cuidar do troco, o motorista do ônibus terá de responder aos passageiros que pedem informação, reduzindo sua atenção ao volante. “O cobrador auxilia a população e o motorista”, afirma.

Em nota, a assessoria da prefeitura afirmou que “nada será feito que resulte em demissão ou perda de posto de trabalho” e que estuda a recolocação dos cobradores em outras atividades dentro do sistema.

Noventa diz que deseja conhecer mais a fundo o projeto da prefeitura, mas que não aceitará a eliminação da função. “Se precisar, a categoria vai para a rua protestar”, afirma.

Por “experiência da vida real”, Doria faz trajeto da periferia ao centro

Na manhã desta segunda-feira (6), Doria andou de ônibus pela primeira vez desde o início de sua gestão. O tucano saiu do Terminal Capelinha, na zona sul, em direção ao Terminal Bandeira, no centro.

O prefeito diz que o trajeto foi feito para ele ter uma “experiência da vida real”. “Não fizemos esse sem avisar, sem informar ninguém, e ouvindo a população. De maneira geral, o serviço foi bem avaliado. Não foi ruim. Algumas observações relativas ao horário, à frequência dos ônibus, mas de maneira geral a aprovação tem média 7. Talvez essa média seja adequada, o que não é ruim. Mas pode melhorar, principalmente, a frequência dos ônibus”, disse.

Ao entrar no ônibus, Doria estava acompanhado de funcionários da Prefeitura, seguranças, jornalistas e fotógrafos, o que irritou alguns usuários na fila lateral que reclamavam da demora e diziam precisar trabalhar.