Pescadores fazem força-tarefa para tentar salvar os peixes da enxurrada de lama em Mariana

13/11/2015 10:42 / Atualizado em 16/11/2015 14:58

Em meio à tragédia ocorrida na última quinta-feira (5) no rio Doce, famílias de pescadores de Mariana (MG) que utilizavam a pesca como sua fonte de sustento criaram a “Operação Arca de Noé”, na qual convocam mutirões para tentar transferir os peixes do rio contaminado para lagoas de água limpa.

O rompimento de duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco, cujas controladoras são a Vale e a BHP, resultou em uma enxurrada de lama que inundou casas no distrito de Bento Rodrigues.

“O rio Doce acabou”, diz diretor do SAAE
“O rio Doce acabou”, diz diretor do SAAE

De acordo com o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Baixo Guandu, que fez análises laboratoriais de amostras da água do rio, foi detectada na amostra a presença de partículas de metais pesados como chumbo, alumínio, ferro, bário, cobre, boro e até mesmo mercúrio.

Força-tarefa voluntária tenta salvar os peixes

Dado esse cenário, pescadores e voluntários estão realizando uma força-tarefa que opera em locais que ainda não foram atingidos pela enxurrada de lama – que já chegou ao estado vizinho, Espírito Santo.

Em um esquema de improviso, peixes como dourados, pacus, pintados e tucunarés estão sendo transferidos para caixas d’água, caçambas e lonas plásticas. Em reportagem da BBC Brasil, analistas estimam que a passagem da lama e de produtos químicos tenha levado milhares de peixes e outros animais aquáticos à morte por asfixia.

A BBC Brasil teve acesso a fotos, vídeos e mensagens de áudio compartilhados por pescadores em grupos de WhatsApp, ferramenta utilizada para documentar a tragédia e fazer denúncias e convocações.

Um pescador não-identificado fez uma gravação alertando sobre a gravidade da situação: “Quem puder (deve) ir para o rio para pegar a maior quantidade de peixes possível, de rede, de qualquer jeito, e soltar nas lagoas. A informação que tem é que vai morrer tudo”.

Questionada sobre a ação dos pescadores, a Samarco disse, em nota, que “adotará as ações necessárias para identificação e mitigação dos impactos e reportará aos órgãos ambientais competentes”, embora ainda não tenha informado detalhes de seu plano emergencial. Confira mais informações no site da BBC Brasil