‘Pianinho’ com Bonner, Bolsonaro sobe o tom com Renata Vasconcellos
A jornalista comentava sobre o fato de o presidente ter debochado da vacina, falando que quem tomasse poderia virar jacaré, e ele se exaltou
Na noite desta segunda-feira, 22, o Jornal Nacional deu início à rodada de entrevistas com os quatro candidatos à Presidência da República mais bem colocados na última pesquisa de intenção de votos do Datafolha – Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Simone Tebet (MDB). O primeiro da sabatina foi o atual presidente, Bolsonaro.
Veja aqui como foi a entrevista de Jair Bolsonaro no Jornal Nacional
A entrevista começou quente, com William Bonner questionando Bolsonaro a respeito das diversas declarações do presidente em que coloca em xeque as urnas eletrônicas – sendo que ele mesmo já foi eleito oito vezes por meio delas.
Com trocas de farpas e comentários sarcásticos, eles mantiveram o tom de voz baixo e sem se interromperem, permitindo que ambos, entrevistador e entrevistado, pudessem fazer suas colocações a respeito do tema.
Em seguida, a jornalista Renata Vasconcellos deu início à sua primeira pergunta, a respeito do posicionamento de Bolsonaro com relação à pandemia da Covid-19. Renata relembrou os deboches, a falta de empatia com os enfermos e os mortos, além do incentivo ao uso de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a doença e do desencorajamento à vacina. Em seguida, questionou: “o senhor não teme ser responsabilizado, senão pelos eleitores, pela história?”.
O presidente limitou-se a responder que o seu governo comprou mais de 500 milhões de doses de vacina. “Só não se vacinou quem não quis, eu acho que vocês dois [William e Renata] se vacinaram, comprada por mim”. Bolsonaro disse que seu governo fez a sua parte no combate à Covid-19, e ainda acusou a grande mídia e a Globo de desestimularem o tratamento precoce – que não tem comprovação científica.
Após a resposta de Bolsonaro, a jornalista ainda comentou o fato de o presidente ter desestimulado a vacinação. “O senhor chegou a dizer que quem tomasse a vacina poderia virar jacaré, e associou a vacina ao vírus da Aids. E mais, quanto às vacinas, a Pfizer esperou 93 dias por uma resposta quando procurou o governo para tratar de vacina. A Coronavac, o senhor desautorizou o ministro e chegou a suspender a compra da vacina”.
“Não houve suspensão da minha parte. No contrato da Pfizer estava escrito: ‘não nos responsabilizamos por efeitos colaterais’. Outra coisa, a Pfizer não apresentou quais seriam os possíveis efeitos colaterais, daí eu usei uma figura de linguagem: ‘jacaré'”, disse.
Renata questionou: “figura de linguagem?”.
Exaltado, Bolsonaro respondeu com tom de voz elevado: “Sim, sim!”.
A jornalista tentou comentar: “O senhor acha que é o caso de brincadeira…”, mas foi interrompida com outro tom de voz elevado de Bolsonaro. “Não, não é brincadeira. É figura de linguagem”, apontando para Renata Vasconcellos.
Ao longo da entrevista, em outras oportunidades, Bolsonaro elevava o tom de voz de voz com Renata Vasconcellos, mas não para William Bonner. Esses momentos ficaram claros para internautas que assistiam à entrevista. Os tuiteiros de plantão acusaram o presidente de ter sido machista com a âncora.
Confira as reações:
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