PMs suspeitos de agressão em shopping dizem que culpa foi de boné do Hulk

Em depoimento, policiais afirmaram que desconfiaram de referência a ex-traficante da Ilha do Governador

Era o boné. Não a cor da pele. Essa foi a justificativa dos dois PMs suspeitos de uma agressão em shopping da Ilha do Governador, no Rio.

Um dos suspeitos de agressão em shopping chegando para depor
Créditos: Reprodução/TV Globo
Um dos suspeitos de agressão em shopping chegando para depor

Os investigadores identificaram os agressores como sendo os policiais militares Diego Alves da Silva, soldado do Batalhão de Choque, e Gabriel Guimarães Sá Izaú, sargento lotado no programa Segurança Presente.

Em depoimento, ambos argumentaram que abordaram o entregador Matheus Fernandes, de 18 anos, em uma loja Renner do Ilha Plaza Shopping não pelo fato de ele ser negro, o que configuraria racismo.

O que teria motivado a abordagem seria o boné que Matheus usava na ocasião.

Era um boné com o tema do personagem Hulk.

Segundo os policiais, eles relacionaram a referência ao herói dos quadrinhos com um dos apelidos do traficante Gilberto Coelho de Oliveira.

Gilberto era aliado de Fernando Gomes de Freitas, o Fernandinho Guarabu, que era chefe do tráfico em favelas da Ilha. Os dois morreram em uma operação policial no ano passado.

Os policiais suspeitos de agressão em shopping da Ilha do Governador disseram ainda que Matheus os teria encarado quando passaram por ele. E que teriam sido filmados pelo rapaz.

Além disso, a dupla afirma que notou um volume na cintura de Matheus, depois verificado que se tratava da carteira dele.

Em vídeo que registrou a ocorrência, na noite de quarta, 5 de agosto, a ação dos dois homens foi flagrada.

Matheus declarou que foi arrastado até a escada de emergência e que uma arma chegou a ser apontada para a sua cabeça.

Ele conta que foi à loja trocar um relógio que havia comprado para o Dia dos Pais.

Segundo o delegado Marcus Henrique Alves, da 37ª DP (Ilha do Governador), há indícios de que os PMs cometeram crimes de racismo e abuso de autoridade.

A dupla de suspeitos de agressão em shopping prestava serviços de “apoio de inteligência” a uma empresa de segurança terceirizada do Ilha Plaza Shopping.