Além de Lula e Alckmin: 7 vezes em que políticos foram vira-casacas em disputas eleitorais
Com a proximidade das eleições, políticos mudam de partido, de aliados e até de ideologia
A mais recente aliança política entre dois antigos rivais, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-governador Geraldo Alckmin, foi mais um episódio peculiar da vida pública no Brasil. Nas eleições presidenciais de 2006, eles estavam em lados opostos e trocavam farpas. Agora, eles formam uma chapa na disputa presidencial. São pragmáticos ou vira-casacas?
Esta não é a primeira vez (e provavelmente não será a última) que adversários mudam de lado ou aliados se tornam desafetos.
Para ajudar a nutrir a memória dos brasileiros, selecionamos outros políticos que mudaram abruptamente de opinião na história recente do Brasil. Acompanhe!
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“Se gritar pega Centrão…”
Sem confirmação oficial de uso abusivo de álcool, o general Augusto Heleno cantou “se gritar pega Centrão, não fica um, meu irmão…”, em 2018. A música é uma paródia da letra composta de Ary do Cavaco e Bebeto di São João – refrão que ficou famoso pela interpretação dos Originais do Samba e de Bezerra da Silva. Nele, há uma nada sutil troca de “ladrão” por “Centrão”.
Com a ameaça de impeachment, Jair Bolsonaro colocou políticos do chamado “Centrão” em pastas importantes do governo federal. Heleno, ministro do GSI, também teve que mudar radicalmente o discurso e chamou o episódio de “brincadeira” e disse que “Centrão” nem mesmo existe.
“Naquela época, existia à disposição na mídia várias críticas ao Centrão. Não quer dizer que hoje haja Centrão. Isso foi muito modificado ao longo do tempo”, explicou Heleno.
Aliás, o presidente…
Jair Bolsonaro entrou no PL (Partido Liberal) no fim de 2021 para disputar a reeleição à presidência da República neste ano. Esta é a nona sigla -a maioria delas consideradas do “Centrão“- que acolhe o presidente.
Em seu primeiro mandato como deputado federal (eleições de 1989), Bolsonaro se elegeu pelo PDC, depois foi para o PPR (1993-95), PPB (1995-2003), PTB (2003-05), PFL (2005), PP (2005-16), PSC (2016-17) e PSL (2018-19), além de ter “namorado” e “noivado” com outras siglas, como Prona, PEN e Patriotas.
BolsoDoria
João Doria se envolveu em uma trama digna de novela mexicana. Aproveitando a onda bolsonarista, Doria disputou a vaga de governador contra Márcio França, que foi vice de Alckmin (quando este último era do PSDB, mesmo partido de Doria) no segundo turno da última eleição.
A estratégia para se eleger durou pouco. Mesmo antes do início da pandemia, a aliança BolsoDoria já tinha terminado. Depois de investir na vacina, a relação azedou de vez.
Da Ursal à parceria
Na corrida presidencial de 2018, Cabo Daciolo, então candidato pelo Patriotas, ficou em sexto lugar e protagonizou uma das cenas antológicas dos debates políticos ao questionar Ciro Gomes (PDT) sobre a participação do pedetista na Ursal (União das Repúblicas Socialistas da América Latina), uma organização que só existe na mente dos conspiracionistas.
Em 2022, Daciolo declarou apoio a Ciro, se filiou ao PDT e pretende disputar o cargo de senador.
Meio à esquerda, meio à direita
Quem é o autor da frase: “Eu, perto do Lula, sou comunista”? Acertou quem respondeu Paulo Maluf. O político que disse estar mais à esquerda do que Lula é o mesmo que foi indicado pela ditadura militar para governar São Paulo.
Nas eleições municipais de 2012, vale lembrar, Lula e Haddad formalizaram aliança com Maluf. A cena do aperto de mão entre os envolvidos gerou muita polêmica na época. A ex-prefeita e deputada federal Luiza Erundina (atualmente no PSOL), que chegou a ser indicada como vice na chapa de Haddad, desistiu depois desse episódio.
Por falar em Erundina…
Quando candidata à Prefeitura de São Paulo em 2004 pelo PSB, Erundina tinha Michel Temer como seu vice na chapa.
Na década seguinte, após o impeachment de Dilma Rousseff, ela chamou o ex-parceiro político de “golpista” e deve ter imaginado o que ocorreria com ela, caso tivesse vencido o pleito daquele ano.