Além de Lula e Alckmin: 7 vezes em que políticos foram vira-casacas em disputas eleitorais

Com a proximidade das eleições, políticos mudam de partido, de aliados e até de ideologia

27/04/2022 12:27

A mais recente aliança política entre dois antigos rivais, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-governador Geraldo Alckmin, foi mais um episódio peculiar da vida pública no Brasil. Nas eleições presidenciais de 2006, eles estavam em lados opostos e trocavam farpas. Agora, eles formam uma chapa na disputa presidencial. São pragmáticos ou vira-casacas?

Esta não é a primeira vez (e provavelmente não será a última) que adversários mudam de lado ou aliados se tornam desafetos.

Sérgio Moro, Aécio Neves, Michel Temer e Geraldo Alckmin fotografados em momento de descontração
Sérgio Moro, Aécio Neves, Michel Temer e Geraldo Alckmin fotografados em momento de descontração

Para ajudar a nutrir a memória dos brasileiros, selecionamos outros políticos que mudaram abruptamente de opinião na história recente do Brasil. Acompanhe!

“Se gritar pega Centrão…”

Sem confirmação oficial de uso abusivo de álcool, o general Augusto Heleno cantou “se gritar pega Centrão, não fica um, meu irmão…”, em 2018. A música é uma paródia da letra composta de Ary do Cavaco e Bebeto di São João – refrão que ficou famoso pela interpretação dos Originais do Samba e de Bezerra da Silva. Nele, há uma nada sutil troca de “ladrão” por “Centrão”.

Com a ameaça de impeachment, Jair Bolsonaro colocou políticos do chamado “Centrão” em pastas importantes do governo federal. Heleno, ministro do GSI, também teve que mudar radicalmente o discurso e chamou o episódio de “brincadeira” e disse que “Centrão” nem mesmo existe.

Se gritar pega Centrão… aparece Bolsonaro, meu irmão!
Se gritar pega Centrão… aparece Bolsonaro, meu irmão! - Reprodução/ Twitter @GeneralHeleno

“Naquela época, existia à disposição na mídia várias críticas ao Centrão. Não quer dizer que hoje haja Centrão. Isso foi muito modificado ao longo do tempo”, explicou Heleno.

Aliás, o presidente…

Jair Bolsonaro entrou no PL (Partido Liberal) no fim de 2021 para disputar a reeleição à presidência da República neste ano. Esta é a nona sigla  -a maioria delas consideradas do “Centrão“- que acolhe o presidente.

Em seu primeiro mandato como deputado federal (eleições de 1989), Bolsonaro se elegeu pelo PDC,  depois foi para o PPR (1993-95), PPB (1995-2003), PTB (2003-05), PFL (2005), PP (2005-16), PSC (2016-17) e PSL (2018-19), além de ter “namorado” e “noivado” com outras siglas, como Prona, PEN e Patriotas.

BolsoDoria

João Doria se envolveu em uma trama digna de novela mexicana. Aproveitando a onda bolsonarista, Doria disputou a vaga de governador contra Márcio França, que foi vice de Alckmin (quando este último era do PSDB, mesmo partido de Doria) no segundo turno da última eleição.

A estratégia para se eleger durou pouco. Mesmo antes do início da pandemia, a aliança BolsoDoria já tinha terminado. Depois de investir na vacina, a relação azedou de vez.

Após dizer inúmeras vezes que Coronavac é a “vachina do Doria”, Bolsonaro diz que vacina é “do Brasil”
Após dizer inúmeras vezes que Coronavac é a “vachina do Doria”, Bolsonaro diz que vacina é “do Brasil” - reprodução

Da Ursal à parceria

Na corrida presidencial de 2018, Cabo Daciolo, então candidato pelo Patriotas, ficou em sexto lugar e protagonizou uma das cenas antológicas dos debates políticos ao questionar Ciro Gomes (PDT) sobre a participação do pedetista na Ursal (União das Repúblicas Socialistas da América Latina), uma organização que só existe na mente dos conspiracionistas.

Em 2022, Daciolo declarou apoio a Ciro, se filiou ao PDT e pretende disputar o cargo de senador.

Ursal foi criada de brincadeira pela socióloga Maria Lúcia Victor Barbosa, em 2001
Ursal foi criada de brincadeira pela socióloga Maria Lúcia Victor Barbosa, em 2001 - Divulgação

Meio à esquerda, meio à direita

Quem é o autor da frase: “Eu, perto do Lula, sou comunista”? Acertou quem respondeu Paulo Maluf. O político que disse estar mais à esquerda do que Lula é o mesmo que foi indicado pela ditadura militar para governar São Paulo.

Nas eleições municipais de 2012, vale lembrar, Lula e Haddad formalizaram aliança com Maluf. A cena do aperto de mão entre os envolvidos gerou muita polêmica na época. A ex-prefeita e deputada federal Luiza Erundina (atualmente no PSOL), que chegou a ser indicada como vice na chapa de Haddad, desistiu depois desse episódio.

Por falar em Erundina…

Quando candidata à Prefeitura de São Paulo em 2004 pelo PSB, Erundina tinha Michel Temer como seu vice na chapa.

Na década seguinte, após o impeachment de Dilma Rousseff, ela chamou o ex-parceiro político de “golpista” e deve ter imaginado o que ocorreria com ela, caso tivesse vencido o pleito daquele ano.