Por que show de Daniela Mercury no Dia do Trabalhador é alvo de investigação

A apresentação custou R$ 160 mil e foi paga com recursos públicos oriundos de emendas parlamentares de vereadores da capital paulista

05/05/2022 16:41

A Controladoria Geral do Município (CGM) de São Paulo deverá abrir uma sindicância para investigar como foi feita a contratação do show de Daniela Mercury realizado no ato em comemoração ao Dia do Trabalhador, no último domingo, 1º, pelas centrais sindicais e que teve a presença do pré-candidato a Presidência de República, Luiz Inácio Lula da Silva.

Por que show de Daniela Mercury no Dia do Trabalho é alvo de investigação
Por que show de Daniela Mercury no Dia do Trabalho é alvo de investigação - Reprodução/Twitter

A apresentação custou R$ 160 mil e foi paga com recursos públicos oriundos de emendas parlamentares de vereadores da capital paulista.

Pelo dinheiro vir dos cofres da Prefeitura, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) não gostou muito, já que neste ano tem eleição e apesar de Lula não ter participado diretamente do show de Daniela, ele subiu no mesmo palco e discursou para os presentes.

O recurso utilizado para realização do 1º de Maio – Dia do Trabalhador, veio de emenda parlamentar dos vereadores Alfredo Alves Cavalcante, o Alfredinho, e Eduardo Suplicy, ambos do PT, e Sidney Cruz (Solidariedade).

“A prefeitura não iria negar a solicitação por emenda parlamentar para fazer uma festa para os trabalhadores, ressaltando que não é permitido em qualquer atividade paga com recursos públicos o uso político partidário”, ressaltou Ricardo Nunes ao jornal Folha de S. Paulo.

Segundo a produção de Daniela Mercury, inicialmente, foi assinado um contrato com a administração municipal, mas esse documento foi cancelado e outro contrato foi firmado com a produtora M Giora Comunicações, que organizou o evento para as centrais sindicais. A empresa pagou à artista duas parcelas de R$ 80 mil cada, e será reembolsada pelas centrais sindicais.

A lei não permite que se use o dinheiro das prefeituras, governos estaduais e federal para fazer campanha. Porém, a festa do trabalhador, todos os anos é paga com recursos oriundos de emendas parlamentares, isso não é uma novidade, nem é ilícito.

O que a Prefeitura de São Paulo quer alegar é que como Lula é pré-candidato, sua presença no evento o torna de pré campanha e por isso o recurso público não poderia ter sido utilizado. Os vereadores negam essa versão.

“Mesmo com a presença de um político [no palanque], não somos os responsáveis pela organização e não temos como interferir. São as classes sindicais quem organiza”, afirmou Sidney Cruz.

Em nota enviada pela assessoria da bancada do PT na Câmara Municipal de São Paulo, Alfredinho e Suplicy afirmam que os artistas têm a liberdade de expressão e que isso acontece em outros palcos e festas financiadas com dinheiro público, como durante o Carnaval e na Virada Cultural.

“A destinação de recursos segue estritamente as normas estabelecidas pela Prefeitura de São Paulo, responsável por celebrar contratos junto aos artistas que se apresentam em tais eventos”, diz a nota.

“Também é de responsabilidade da prefeitura a contratação de estrutura de palcos, banheiros químicos, seguranças, limpeza, ambulâncias e demais aspectos de produção voltados à realização do evento. É para este fim que as emendas de Suplicy e Alfredinho foram direcionadas, respectivamente, com valores de R$125 mil e R$400 mil”, completam os petistas.

O show foi organizado por sete centrais sindicais, na praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu, na capital paulista com o propósito de comemorar o Dia do Trabalhador. Também se apresentaram artistas como Dexter Oitavo Anjo, Francisco, el Hombre e DJ KL Jay, integrantes do grupo de rap Racionais MC’s, entre outros.