Praça dos Pássaros resiste ao ambiente cinza de SP

Johan Dalgas Frisch defenre a natureza em plena região do morumbi

A especulação imobiliária evolui num ritmo alucinante em São Paulo. E é justo entre a Cidade Jardim e o Morumbi, região que recebe quase que diariamente toneladas de concreto de novas torres residenciais e comerciais de alto padrão, que uma iniciativa em defesa da natureza resiste bravamente. Graças à atitude generosa de um senhor.

Lá, desde a década de 1950, Johan Dalgas Frisch batizou e adotou a praça Uirapuru. No local, o engenheiro e ornitólogo de 84 anos planta diversas árvores não apenas para contrastar com o cinza do concreto paulistano. Lá, ele cultiva espécies originárias de países como Austrália, Nova Zelândia, China, Moçambique, Guiana Francesa, entre outros, com um objetivo: atrair pássaros.

A empreitada de Dalgas Frisch teve início há mais de 50 anos. “Em 1930, São Paulo tinha 200 espécies de pássaros. Em 1964 esse número tinha caído para dez. Tiravam as árvores, sumiam os pássaros. Preocupado, decidi fazer alguma coisa”, relembra ele.

Até hoje, Dalgas Frisch cuida da praça que ele conseguiu batizar depois de uma negociação com o então prefeito Faria Lima. “Ele me pediu uma pena de uirapuru, acho que para ter sorte na vida e no amor. Eu dei, em troca ele me deixou batizar a praça”, diz Frisch.

Em outubro do ano passado, com autorização da prefeitura, ele conseguiu renovar a permissão para administrar a praça. “Os governos estão ignorando a natureza. As crianças ouvem os pássaros e se tornam poetas, grandes brasileiros. Aqui, todo dia tem pica-pau, sabiás, muitas espécies”, comenta Dalgas Frisch, cuja atitude, além de preservar espécies da fauna brasileira, ajuda a tornar o dia a dia de quem passa por ali mais alegre.