Prédio usa água para afastar moradores de rua e levanta polêmica
Um edifício de Copacabana, no Rio de Janeiro, está usando água para que pessoas em situação de rua não fiquem próximas
O problema das pessoas em situação de rua é gravíssimo em grandes cidades como o Rio de Janeiro. Na capital fluminense, por exemplo, já são mais de 14 mil pessoas morando em calçadas e locais públicos.
O número aumentou mais de 150% nos últimos 3 anos, segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro. E como essa população não consegue estar nos 62 abrigos oferecidos pelo poder público na cidade (que oferecem pouco mais de 2 mil vagas), essas pessoas procuram lugares para ficar, como a marquise do Edifício Roxy, no bairro nobre de Copacabana.
Insatisfeito com a presença desses moradores de rua, o condomínio do prédio tem usado água para criar a ilusão de que resolveu o problema – ou melhor, o problema dos condôminos.
“Se a prefeitura não resolve o problema, o cidadão resolve. Estamos em frente ao cinema [no térreo do edifício]. Foi instalado um dispositivo: molha a calçada, e a população de rua não se concentra. É a solução que o cidadão encontra quando o poder público não resolve o problema. Infelizmente, a nossa situação na cidade e no nosso bairro está dessa forma. A prefeitura não toma providência, e o cidadão acaba tomando. É isso aí”, diz em um vídeo Horácio Magalhães, advogado, que é presidente da Sociedade Amigos de Copacabana.
“Claro que isso não é o tipo de atitude que a gente encoraja, mas a gente entende o que motivou. População de rua virou um problema crônico. Muitas pessoas ficam receosas de passar na calçada, não sabem se vão pedir esmola ou ser assaltados. Essa discussão é macro, com vários aspectos”, disse ele ao jornal O Globo, que revelou a atitude do prédio.
A mesma reportagem traz a opinião de um condômino que é favorável à medida: “Já fizemos várias reclamações. Então, todo mundo concordou em instalar. Um pouquinho de água não mata ninguém”. Não é o que pensam os moradores de rua que acusaram a prefeitura de São Paulo de usar jatos d’água e, assim, afastá-los das calçadas da região da Sé, por exemplo.
Voltando ao caso do Rio de Janeiro, os comentários sobre a notícia da ação do Edifício Roxy e as reações ao vídeo mostram a falta de empatia com a população de rua, apesar de algumas (poucas) manifestações em contrário:
O pessoal que está achando polêmico poderia pegar um mendigo e levar pra casa.
— Instituto ForaLula (@Foralula) 7 de agosto de 2017
Então leva pra sua cara caralho! Pq o dono do imóvel é responsável por eles? tem que aguentar mendigos cagando e usando drogas na porta?
— Instituto ForaLula (@Foralula) 7 de agosto de 2017
dsculpe mas o Sr está insinuando que moradores de rua são menos humanos q vc? os cara n tem nem um teto, e são esculachados assim até na rua
— celso (@duffmckagado) 7 de agosto de 2017
A secretária municipal de Direitos Humanos da cidade disse ao mesmo jornal que investigará o caso. “Isso é um absurdo, uma irresponsabilidade e falta de humanidade (…) Não vou aceitar nenhuma violência contra os moradores de rua”, afirmou Teresa Bergher.
Essa falta de humanidade é confirmada por quem já esteve nas ruas. “Somos pessoas que temos apenas o direito de não ter direitos. Somos o lixo da sociedade, que nossos governantes querem colocar debaixo do tapete”, disse para a Agência Brasil a assistente social carioca Maralice dos Santos, que viveu 3 anos em locais públicos.
Alguns comentários no vídeo que mostra o “chuveirinho” do Edifício Roxy reforçam essa ideia, como você pode conferir abaixo:
A PREFEITURA NÃO CONSEGUE RESOLVER O PROBLEMA DA POPULAÇÃO DE RUA, ENTÃO O CIDADÃO IMPROVISA E PROCURA DAR O SEU JEITO.CADÊ A PREFEITURA????!
Posted by Sociedade Amigos De Copacabana on Friday, August 4, 2017
Você concorda com a medida? Qual seria a solução para resolver esse problema? Deixe o seu comentário.
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