Pressionado pelo pai, Eduardo Bolsonaro pede desculpas sobre AI-5
Em entrevista ao vivo à Band, filho de Bolsonaro disse houve 'interpretação deturpada' sobre a declaração polêmica
Pressionado pelo pai, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP), líder do PSL na Câmara, foi à TV pedir desculpas sobre as declarações de um novo AI-5 (Ato Institucional Número 5).
Em entrevista ao vivo no programa “Brasil Urgente”, da Band, o filho do presidente disse que houve uma “interpretação deturpada” do que foi falado e afirmou que não há uma proposta dele ou do governo para a volta do ato institucional decretado durante a ditadura militar.
“Eu peço desculpas a quem porventura tenha entendido que estou estudando o retorno do AI-5 ou achando que o governo, de alguma maneira, estaria estudando qualquer medida nesse sentido. Essa possibilidade não existe. Agora, muito disso é uma interpretação deturpada do que eu falei”, disse o filho do presidente ao jornalista José Luiz Datena.
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Entenda o caso
Eduardo Bolsonaro deu a polêmica declaração em entrevista à jornalista Leda Nagle, divulgada nesta quinta-feira, 31, no canal dela no YouTube.
Para o filho do presidente, se a esquerda do país “radicalizar”, como no caso dos protestos recentes do Chile, “uma resposta pode ser via um novo AI-5”.
“Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada”, afirmou o parlamentar.
“É uma guerra assimétrica, não é uma guerra em que você está vendo o seu inimigo do outro lado e você tem que aniquilá-lo como acontece nas guerras militares. É um inimigo interno, de difícil identificação aqui no país. Espero que não chegue a esse ponto, né, mas a gente de que estar atento”, completou.
Essa foi a segunda vez nesta semana que o parlamentar citou uma possível ditadura no Brasil. Na segunda-feira, 29, ele declarou no plenário da Câmara que se acontecerem no país manifestações como as do Chile, os envolvidos “vão ter que se ver com a polícia”. “A história irá se repetir”, enfatizou ele ao falar sobre a radicalização nas ruas.
Veja a entrevista:
Repercussão
Líderes de quase todos os partidos repudiaram as declarações de Eduardo Bolsonaro sobre um “novo AI-5″.
Em nota assinada por Luciano Bivar, o PSL –partido do clã Bolsonaro— atacou “a tentativa de golpe ao povo brasileiro”, sem citar o nome de filho do presidente.
A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) afirmou que a democracia está sob um “grave risco”. Outra que também criticou veementemente o filho do presidente foi a deputada estadual paulista Janaina Paschoal (PSL). À BBC News Brasil, ela disse que “pensar em qualquer retrocesso, como um Ato Institucional é completamente descabido”.
O presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (DEM-AP), considerou “lamentável” o fato de que um deputado eleito pelo voto popular insinuar contra a ferramenta que lhe possibilitou chegar ao mandato. “Mais do que isso: é um absurdo ver um agente político, fruto do sistema democrático, fazer qualquer tipo de incitação antidemocrática. E é inadmissível esse afronta à Constituição. Não há espaço para que se fale em retrocesso autoritário”.
Já o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, disse em uma rede social que “parece que não restam mais dúvidas sobre as intenções autoritárias de quem não suporta viver em uma sociedade livre”.