Projeto ‘Ladrilha’ espalha poesias e leva afeto às ruas do Rio

"O amor é isso tudo mesmo!" e "Toda mulher deve amar uma mulher" estão entre as frases coladas em ladrilhos no espaço público

O projeto foi criado pela jornalista Fernanda Moreira
Créditos: Tiago Petrik
O projeto foi criado pela jornalista Fernanda Moreira
  • “O amor é isso tudo mesmo!”
  • “Toda mulher deve amar uma mulher”
  • “Silêncio é patuá de gente grande”
  • “Homem, tua fala não me cala”

Quem caminha pelas ruas do Rio de Janeiro pode se deparar com ladrilhos com alguma das poesias citadas acima. As frases fazem parte do projeto “Ladrilha”, criado em 2017 pela jornalista Fernanda Moreira para levar afeto ao espaço público.

A iniciativa nasceu como uma ideia de intervir nas ruas e por meio de um material que trouxesse uma estética poética para a cidade, se alinhando à narrativa afetiva das frases. “É um projeto de intervenção com a vontade de gerar surpresa boa. De dar abraço. De transbordar e encostar no outro. De me encostar no outro”, afirma Fernanda à Catraca Livre.

Segundo a jornalista, as poesias são criadas por ela mesma a partir de experiências pessoais e de acontecimentos marcantes, como o impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, e o assassinato da vereadora Marielle Franco, em março deste ano. “Há frases mais políticas, mais afetivas e também outras que falam muito de mim.”

Até o momento, o projeto já espalhou mais de 30 ladrilhos pelo Rio e há alguns poucos no Beco do Batman, em São Paulo, e no Pelourinho, em Salvador. “Vez ou outra, ando com ladrilho e cola na bolsa. Vejo um muro legal, colo. A escolha é empírica até. Não criei ainda uma racionalidade sobre isso. Vou na intuição”, explica.

A iniciativa busca transformar o espaço público e o dia das pessoas
Créditos: Reprodução / Ladrinha
A iniciativa busca transformar o espaço público e o dia das pessoas

Para Fernanda, a importância da intervenção urbana revela “a necessidade de sobreviver nos conectando com o que é verdade para nós”. “Ocupar o espaço público, nos manifestar, ser um corpo coletivo, olhar o outro, tocar o outro”, ressalta.

“Como mulher, ir às ruas e dizer o que sinto, através das palavras, do meu texto, do que escolhi transbordar, é uma forma de resistência. É reafirmar a minha voz. É multiplicar o feminino. É alcançar quem se identifica. E é também falar de afeto num ambiente extremamente hostil e, cada vez mais, ameaçador”, finaliza a jornalista.

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