Promotor faz piada com violência doméstica na pandemia: ‘mulherada tá apanhando’
"Qualquer coisinha é motivo", disse rindo Jonnathan Augustus Kuhnen, representante do Ministério Público em SC
No último sábado, 29, durante o intervalo de uma aula de doutorado no curso de direito na Unifacvest (Centro Universitário Facvest), em Lages (SC), o promotor Jonnathan Augustus Kuhnen resolveu fazer uma piada com os alunos sobre violência doméstica durante a pandemia.
“A mulherada tá apanhando pra c*”, diz Jonnathan Kuhnen no vídeo. A fala do promotor arranca risadas de outros dois docentes da universidade identificados como Irineu Jorge Sartor, coordenador do curso de fisioterapia, e Gérson André Bernardo de Oliveira, professor do curso de direito.
Em seguida, o promotor disse “o que é ruim, eu fico triste, né, porque… Não dá, é porque é uma situação também sui generis, né, amigos? O cara tá em casa direto. Aí qualquer coisinha é um motivo para… né?”.
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Em entrevista ao jornal Diário Catarinense, o promotor que atua na Vara Criminal de São José, na Grande Florianópolis, disse que se tratava de uma conversa informal e que ela foi tirada de contexto.
“Era uma conversa informal, entre outras coisas citamos isso da violência doméstica. Nós deixamos claro, eu deixo claro que ficava triste com a situação, até porque envolvia o assunto em relação à pandemia, sabemos que estão todos enclausurados e qualquer motivo é motivo para discussão, não que a gente ache que isso é correto. Em momento algum defendi as agressões”, disse.
O promotor disse que que pretende tomar medidas na Justiça contra quem gravou e compartilhou o vídeo, e que acredita que se trata de uma “perseguição” por causa de opiniões diferentes sobre outros assuntos.
A Corregedoria-Geral do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) afirmou ontem que vai avaliar o caso.
Como identificar a violência doméstica
Mas como identificar as situações de violência que não são tão explícitas? A psicóloga Kátia Braz cita comportamentos recorrentes que caracterizam um relacionamento abusivo, como o sujeito oferecer algo à companheira que não vai entregar, vender uma ideia de si mesmo totalmente errada e prometer amor e companheirismo eternos.
“Tudo que não tem comum acordo pode ser caracterizado como uma violência. Ele querer controlar a sua vida, ter posse sobre você e fazer com que tudo que você faça seja para o prazer dele são alguns pontos a se destacar”, afirma.
A especialista lista alguns exemplos de situações vistas com frequência em relacionamentos abusivos. Não é possível afirmar que as pessoas com essas atitudes virão a praticar violência física, mas são alguns dos caminhos que historicamente resultaram nesse tipo de situação. Confira mais aqui.