Racismo em concurso de beleza vira caso de polícia em MG
"Vou contar uma coisa pra vocês: esse negócio de inclusão social tá f***", diz a mulher em áudio que circulou no WhatsApp
Vencedora de um concurso de beleza em Santo Antônio do Amparo (MG), Maiza de Oliveira, de 19 anos, foi alvo de um ataque racista. Logo após vencer a disputa, um áudio com injúria racial circulou em grupos de WhatsApp da cidade. A Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso.
“Gente, eu estava na roça e agora que eu vi o resultado. Vou contar uma coisa pra vocês: esse negócio de inclusão social tá foda. É os preto é que tá mandando em tudo mesmo. É cota na escola, é cota aqui, é cota ali…”, afirma uma moradora em um grupo de Whatsapp.
“E os branco tá tudo levando tinta. Da próxima vez, nós tem que pular num tanque de ‘criolina’ e sair tudo pretinha, aí pode candidatar a qualquer coisa, que ganha”, continuou.
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Participar do concurso, que foi transmitido pela internet, era ter mais de 15 anos de idade.
“Desde quando eu era criança, eu sempre fui muito zoada pela minha aparência, pelo meu jeito de falar. Quando eu tava no salão, me maquiando, eu recebi o áudio de uma mulher me zoando o jeito que eu estava falando, no dia do desfile, antes de desfilar, ela estava zoando meu jeito de falar e aquilo mexeu muito comigo, eu comecei a chorar, estragou toda a maquiagem, acho que essa crítica me deu força para ser melhor ainda”, disse a jovem à Globo.
À GloboNews, o filho da responsável pelo áudio com injúria racial disse que a mãe só expressou uma opinião.
Como denunciar racismo
Casos como esses estão longe de serem raros no Brasil. Para que eles diminuam, é fundamental que o criminoso seja denunciado, já que racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89. Muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.
Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.
A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.