Ribeirinhos deixam desmatamento para estudar e empreender
Fruto de projeto de inclusão social, madeireiros deixam a atividade para investirem no turismo local
Afastadas da cidade, as comunidades ribeirinhas viveram por muitos anos do comércio ilegal de madeira. Localizada na Área de Proteção Ambiental do Rio Negro, em Iranduba, Zona Rural a 74km de Manaus, a comunidade do Tumbira mostra hoje os resultados dos programas implementados pela Fundação Amazônia Sustentável.
Por meio do Bolsa Floresta, por exemplo, cada morador que se comprometer a não desmatar, investir e gerar através do desenvolvimento sustentável, recebe R$ 50 por mês. Diferente do Bolsa Família, é necessário movimentar a economia local para manter o benefício.
‘É o caso de Roberto Brito de Mendonça, de 40 anos. Avô e pai madeireiros não lhe davam outra perspectiva senão ingressar na atividade extrativista. “Estudei até a 4ª série e parei. Ficava no mato a semana toda e não pensava em outra possibilidade de vida. Nossa realidade mudou tanto, que meu filho nunca pegou numa motosserra”, conta Mendonça. “A mesma trilha que usei por 20 anos para desmatar, hoje levo os turistas e gero renda”, explica.
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Há 5 anos, Roberto não desmata. E nem muitas outras famílias da região. Líder da comunidade, o ex-madeireiro hoje administra uma pousada, além do Núcleo de Conservação e Sustentabilidade (NCS) local, que conta com central de energia solar, igreja, escola, posto de saúde, laboratório digital, laboratório de pesquisa e inovação, entre outros serviços. Para que o dinheiro fique na comunidade, foi instalado um banco e uma mercearia, mantida por ribeirinhos.
Hoje, Roberto voltou a estudar na escola da comunidade e, segundo ele, seus filhos já planejam estudar na cidade para trazer conhecimento e prática para o Tumbira. “Todo mundo merece uma oportunidade. Uma das nossas alunas, por exemplo, fez uma oficina e passou a produzir um jornal local. Agora ela quer ser jornalista. Quando ela ia pensar nisso antes de estudar?”, diz.
Com estrutura para receber profissionais e suas famílias, quadro de professores da escola local se completou no último ano. “Ter um local para o professor dormir com sua família ajudou muito. A maior dificuldade era a locomoção diária”, explica Inês Cristina de Souza, professora e diretora da escola do Tumbira. Ela largou a vida na cidade há 3 anos para morar na comunidade.
Ainda existe espaço para profissionais das mais diversas áreas que se interessem em oferecer, como voluntários, workshops, oficinas e cursos para alunos de todas as idades. Para mais informações, basta entrar em contato com a FAS.