Russomanno diz que morador de rua pode ser mais resistente à covid-19
Para o candidato a prefeito de São Paulo, a resistência se daria por não tomarem banho
O deputado federal e candidato à Prefeito de São Paulo, Celso Russomanno (Republicanos), disse, durante encontro da Associação Comercial de São Paulo, que moradores de rua e usuários de droga da Cracolândia podem ser “mais resistentes do que a gente” à covid-19 porque não tomariam banho. Segundo ele, essas pessoas “convivem o tempo todo nas ruas, não têm como tomar banho”.
No evento, Russomanno ouviu empresários do setor de comércio e criticou a maneira como Bruno Covas e João Dória, ambos do PSDB, conduziram o combate à pandemia. O candidato que tem se colocado como aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na capital paulista, culpou os tucanos por aumento do desemprego e quebra de empresas e disse que no início da pandemia devia ter sido feito o isolamento vertical, onde só idosos e pessoas com comorbidades fazem o distanciamento social.
Para Russomanno, o contágio nas periferias de São Paulo, na Cracolândia e entre os moradores de rua, não foi do jeito esperado. “Todo mundo esperava que a Covid tomasse conta de todo mundo, até porque, eles não têm o afastamento que foi pré-estabelecido pela OMS. E eles estão aí, nós temos casos pontuais, e não temos uma quantidade imensa de moradores de rua com problema de Covid. Talvez eles sejam mais resistentes do que a gente, porque eles convivem o tempo todo nas ruas, não tem como tomar banho todos os dias, etc e tal”, afirmou.
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Porém, as mortes pela covid-19 em São Paulo mostram que a declaração de Russomano é equivocada. Em quatro meses, os 20 distritos mais pobres de São Paulo acumularam mais que o dobro das mortes do que as registradas nos 20 distritos mais ricos.
De 17 de abril a 16 de agosto, o número de óbitos nos bairros mais pobres aumentou 9,7 vezes, de 474 para 4.600 (ou 870,5%). Já nas regiões ricas, o total de mortes subiu de 312 para 2.137, o equivale a um aumento de 584,9% (6,8 vezes mais óbitos ao fim do período). Os dados foram disponibilizados pela Secretaria Municipal da Saúde.
Mas, durante seu discurso, Russomanno admitiu que “tem que se aprender muito sobre a covid-19”.
Não há evidência científica que falta de banho ajude a proteger contra a covid-19. Não há um único estudo científico que faça ligação entre excesso de banho à maior prevalência da doença, nem no Brasil, nem no mundo.
Diferente do que diz Russomanno, o que especialistas indicam é tomar banho e trocar as roupas sempre que alguém passa por aglomerações para evitar a transmissão do vírus em casa
Veja abaixo como se prevenir do coronavírus.