Salve Jorge faz mostra de charges
Cinquenta trabalhos dos chargistas Angeli, Glauco e Jean, serão expostos a partir deste domingo, 22, no Bar Salve Jorge Centro. O trio faz tiras para o jornal Folha de S. Paulo. Batizada de “Página Dois – a charge e o humor mais picante de Angeli, Glauco e Jean”, a mostra aponta o olhar destes artistas frente à cena política nacional.
“Sou fã do trabalho deles. Brasília é um manancial de pornografia política e todos eles estão muito conectados com tudo o que está acontecendo por lá. Selecionamos os trabalhos por escândalo, sem deixar a estética de lado”, explica o curador Fernando Costa Neto.
Angeli começou a rabiscar seus primeiros desenhos quando ainda tinha 14 anos de idade. Desde a década de 1980 desenvolveu trabalhos sob a temática de humor anárquico. “Chiclete com Banana” é uma de suas obras mais conhecidas – lançada na década de 1980. Ela surgiu numa época de abertura política no Brasil.
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Glauco é um chargista que queria ser engenheiro. Começou seu trabalho na década de 1970 no jornal Diário da Manhã, com a tira “Rei Magro e Dragolino”. Realiza trabalhos sobre as mudanças de comportamento, modas e hábitos. Seus desenhos são feitos em papel, com nanquim. Jean também tem suas charges publicadas no Jornal Folha de São Paulo.
Um pedaço da história. Um pouco dos artistas
Os quadrinhos no Brasil surgiram no momento em que apareceram as indústrias gráficas, com as respectivas impressões de livros, jornais e revistas, em meados do século XIX. Naquela época já havia surgido os traços da caricatura. Contam alguns veículos especializados em quadrinhos que a figura de Ângelo Agostini, um cartunista italiano radicado no Brasil, foi fundamental para o surgimento da arte no país. Agostini era dono de desenhos de tons cômicos.
Avançando um pouco mais no tempo, duas figuras carimbadas dos quadrinhos brasileiros não podem ser esquecidas: Ziraldo e Maurício de Souza. Este, com a criação de A Turma da Mônica (desenhos com histórias sobre as aventuras de Cebolinha, Mônica, Cascão, Magali etc) e aquele, com O Menino Maluquinho (histórias e aventuras de um garoto levado).
Os quadrinhos no Brasil também tiveram momentos mais sérios, durante a história política do país. No jornal O Pasquim, por exemplo, Henfil e seu desenho mais politizado deram tom aos traços desenhados contra a ditadura militar. Seu humor, na época, estava diretamente ligado à defesa da classe trabalhadora. Mais contemporaneamente, os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá já alcançaram o reconhecimento internacional. Quando adolescentes inventara, o fanzine “10 pãezinhos”, que hoje tem um formato de blog. A dupla já ganhou o Eisner Awards, o Oscar da área.