‘Se fosse do bem, ia chamar Montebranco’, dispara apresentador de TV
Ao criticar presidente do Ibope, apresentador Stanley Gusman, disparou: 'O nome do cara é Montenegro. Se ele fosse do bem, ele ia chamar Montebranco'
Nos últimos 10 anos, a taxa de homicídios de negros cresceu 23%. A cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado no Brasil.
Os números expõem, para além dos fatos, o discurso de uma sociedade que aplaude o absurdo do racismo, que ignora suas consequências e, quando possível, escancara a hipocrisia de uma sociedade capaz de satirizar o urgente debate sobre raça em TV aberta.
A exemplo do episódio envolvendo o apresentador do programa ‘Alterosa Alerta’, Stanley Gusman, que na última terça-feira,9, criticou o presidente do Instituto de pesquisa Ibope, Carlos Augusto Montenegro.
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Em conversa com o repórter e deputado estadual Rafael Martins (PRTB), Gusman chamou Montenegro de demônio e, sem qualquer cerimônia, ao vivo, cravou: “O nome do cara é Montenegro. Se ele fosse do bem, ele ia chamar Montebranco”.
O comentário foi realizado durante um quadro do programa que promove um sorteio no Facebook. “Este é o Alterosa Alerta, é Minas Gerais respondendo… Não é aquele homem, aquele demônio do Ibope, não. É respondendo na tela da televisão. O Ibope do demônio”, enfatizou o apresentador antes do episódio racista.
Minutos depois, aparentemente avisado pelo ponto, o apresentador tenta em vão contornar a situação. “Não é de cor não gente. É escuro, escuridão. Céu branco, inferno negro. Ih…vocês também são muito, né?!”.
Repercussão
Em nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais afirmou que considera a fala de Stanley “grave e inaceitável”. “Ao invés de fazer o uso da liberdade de expressão para a promoção de temas construtivos e de valorização da igualdade, o apresentador do Alterosa Alerta Stanley Gusman reverbera o racismo odioso que envergonha a sociedade brasileira”.
A deputada estadual Andreia de Jesus (PSOL) lembrou outra outros casos de racismo na TV. “Mesmo com esses casos recentes e tantas outras campanhas educativas e oficinas sobre comunicação não-violenta, alguns apresentadores da TV aberta não se sentem constrangidos em fazer comentários racistas ao vivo”.
A parlamentar falou sobre a importância de levar o caso às autoridades. “Vamos encaminhar um ofício para que o MPF e a Comissão de Igualdade Racial da OAB MG estejam cientes e possam tomar as devidas providências em relação ao caso. Não passarão!”.