Polícia suspeita que fazendeiro enterrou búfulas de Brotas vivas
Dono da fazenda negou maus-tratos contra animais que foram encontrados definhando
A investigação sobre o caso das búfulas abandonadas sem água e sem comida em uma fazenda em Brotas, no interior de São Paulo levantou a suspeita de que o dono do local, na tentativa de esconder provas de maus-tratos, enterrou os animais vivos em valas na propriedade.
O Fantástico teve acesso à declaração que um funcionário fez aos investigadores. “De uns três meses para cá, búfalos passaram a morrer por falta de comida e água. Cerca de 100 animais foram enterrados”, revelou.
Em entrevista ao Fantástico, o dono da fazenda, Luiz Augusto Pinheiro de Souza, negou situação de abandono e maus-tratos.
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“Que morrer de fome e sede! A Fazenda existe há anos, nunca faltou água nem comida nessa fazenda gigante”, disse.
Ao repórter Maurício Ferraz, o fazendeiro diz que os animais estão morrendo porque são velhos. “Meu amigo, eu não deixo morrer. Ele vai criando e morre naturalmente uma época do ano. Quando morrer, morreu.”
De acordo com a avaliação dos veterinários voluntários que montaram um hospital de campanha no local, as condições nutricionais das búfalas eram péssimas. A maioria não conseguia ficar de pé.
Tentativa de intimidar o prefeito
A reportagem do Fantástico também mostrou uma mensagem de áudio enviada pelo proprietário da fazenda ao prefeito de Brotas, Leandro Correa (DEM), em uma tentativa de intimidá-lo e parar os trabalhos das ONGs que estão tratando dos animais.
A mensagem era a seguinte:
“Oi Leandro, boa tarde, tudo bem? É o Luiz Augusto. Você pode ter ódio de mim, e eu tenho motivo para ter ódio de você. Mas tem um segundo bem em jogo: a imagem de Brotas. Vai sair domingo no Fantástico. Você, como prefeito, pode tirar essa ONG daqui rapidinho. Tá destruindo a cidade”.
Entenda o caso das búfulas
Após uma denúncia, a Polícia Ambiental encontrou mais de mil búfalos vítimas de maus-tratos definhando na fazenda São Luiz da Água Sumida, na cidade de Brotas, no interior de São Paulo. A maioria era fêmea e usada na produção de leite.
Um grupo formado por diversos voluntários simpatizantes e militantes da causa animal montaram um hospital de campanha dentro da propriedade, onde estão atuando diariamente para tentar salvar os animais.
O fazendeiro Luiz Augusto Pinheiro de Souza chegou a ser preso e autuado pelo crime de maus-tratos, mas foi solto depois de pagar fiança.
Os funcionários da fazenda ainda tentaram impedir a atuação dos voluntários e representantes de ONGs.
Após pressão na mídia e nas redes sociais, a Justiça deu a tutela dos 1.056 búfalos para a ONG Amor e Respeito Animal (ARA).