Suspeita de desviar dinheiro de formatura da USP fala pela primeira vez

A estudante denunciada por colegas de medicina da Universidade de São Paulo (USP) de ter dado um golpe na comissão de formatura, Alicia Muller Veiga, de 25 anos, prestou depoimento na quinta-feira, 19. A estudante confessou à polícia que desviou os R$ 927 mil da festa de formatura e acabou perdendo o dinheiro.

Alicia chegou na delegacia acompanhada de seu advogado e sem querer mostrar o rosto. O depoimento durou cerca de 4 horas.

A mulher disse no depoimento que, inicialmente, transferiu o dinheiro para sua conta pessoal por acreditar que a poupança de formatura não estava sendo bem administrada pela empresa Ás Formaturas.

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Em novembro de 2021, ela fez a primeira transferência: “Sacou num primeiro momento R$ 604 mil porque pensou que poderia investir”, relatou a delegada Zuleika Gonzalez Araujo, do 16º Distrito Policial, em coletiva de imprensa.

Quando a aluna começou a perder o dinheiro com as supostas aplicações, decidiu “retirar todo o valor aplicado [para a formatura] e fazer apostas em casas lotéricas, mas continuou perdendo”, continuou.

“Angustiada”, em dado momento Alicia usou parte da quantia para pagar despesas pessoais, “tendo uma vida incompatível com a renda que tinha”, segundo Zuleika. A estudante, então, comprou um iPad Pro de R$ 6 mil, alugou um apartamento de R$ 3.700 por cinco meses e um carro por R$ 2 mil.

Ainda no depoimento, a estudante também assumiu que inventou toda a história que contou aos colegas de comissão, de que teria sofrido um golpe ao investir o dinheiro em uma corretora.

O que diz a polícia?

A delegada esclareceu que Alicia foi indiciada pelo crime de apropriação indébita. A pena máxima para esse tipo de crime é de quatro anos de prisão.

A quebra de sigilo bancário da estudante mostrou que ela desviou o dinheiro da formatura em 9 transferências, realizadas entre novembro de 2021 e dezembro de 2022.

Zuleika contou que a empresa ÁS Formaturas confirmou que transferiu quase R$ 1 milhão para a conta bancária da estudante, que era a presidente da comissão de formatura da turma 106 da Faculdade de Medicina da USP.

“Foram feitas diversas movimentações bancárias. Ela conseguiu a transferência da empresa responsável pela formatura para a conta dela”, explicou a delegada.

Sobre a transferência, a polícia disse que, de acordo com os documentos apresentados pela ÁS, a empresa não tem responsabilidade jurídica sobre isso, pois o contrato autoriza “transferências para os membros da formatura, para qualquer um dos representantes da comissão”.

O que acontece a partir de agora?

A princípio, Alicia vai responder em liberdade e a investigação segue para apurar todos os fatos.

No depoimento, a mulher disse que agiu sozinha, mas a delegada vai ouvir a namorada da jovem e, possivelmente, também poderá interrogar os pais dela.

A estudante pode ser condenada por apropriação indébita, lavagem de dinheiro e estelionato, esses últimos dois crimes pelo caso das apostas em uma lotérica da zona sul de São Paulo, em que ela saiu devendo R$ 193 mil para os proprietários.

Com informações de UOL e g1.