O que se sabe do caso da aluna suspeita de desviar R$ 927 mil de formatura

Alicia Dudy Muller Veiga é investigada por suspeita de apropriação indébita, estelionato e lavagem de dinheiro

Aluna da USP é acusada de desviar dinheiro arrecadado para financiar formatura da Faculdade de Medicina
Créditos: Reprodução/FMUSP
Aluna da USP é acusada de desviar dinheiro arrecadado para financiar formatura da Faculdade de Medicina

Alunos das turmas de medicina da Universidade de São Paulo (USP) denunciaram a estudante Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos, por suspeita de desviar cerca de R$ 927 mil do fundo de formatura. A estudante chegou a dizer aos colegas de classe que tinha sido vítima de um golpe de uma corretora de investimentos, que a teria enganado e ficado com o dinheiro.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o caso é investigado pelo 16º Distrito Policial, que instaurou inquérito para apurar crime de apropriação indébita. As informações são do g1.

Entenda o caso

Segundo a comissão de formatura, eles só perceberam o desvio do dinheiro no dia 6 de janeiro deste ano. Foi então que uma das vítimas registrou uma ocorrência no dia 10 contra a estudante, alegando que a mesma retirou, sem o conhecimento de qualquer outro membro, todo o valor acumulado pelos alunos por quatro anos.

O dinheiro, que estava sob custódia da empresa ÁS Formaturas, teria sido transferido para a conta pessoal de Alicia em 2021.

A comissão relatou também que a aluna, que até então era a presidente do grupo, disse que perdeu R$ 800 mil após ser vítima de um golpe.

Na mensagem enviada no grupo de formatura no WhatsApp, ela afirma ainda que usou a outra parte do valor para pagar advogados por conta do suposto golpe, e que iria pedir ajuda da direção da USP para pagar a festa.

“Escrevo para dizer que não temos dinheiro. Com toda dor, culpa e arrependimento que vocês podem imaginar. (…) Nosso dinheiro foi todo repassado para a Sentinel Bank, uma investidora que, no fim das contas, não se passava de um grande golpe e nunca mais retornou nem com o dinheiro investido, nem com os rendimentos. Vou ver com a diretoria da FMUSP se conseguimos ajuda deles”, disse Alicia.

Um print dessa mensagem viralizou nas redes sociais. Confira:

“De toda a história contada pela [suspeita], o único fato que temos certeza é a transferência do montante guardado sob custódia da empresa ÁS Formaturas para uma conta pessoal dela. Ainda estamos averiguando em que contexto foram realizadas as transferências”, afirmaram os membros da comissão.

A ÁS Formaturas e a faculdade de Medicina da USP disseram em notas divulgadas à imprensa que os fatos estão sendo apurados junto da polícia. A USP informou ainda que “a Diretoria está apoiando na orientação aos alunos envolvidos”.

A suspeita já era investigada por estelionato e lavagem de dinheiro

Alicia Dudy Muller Veiga já era investigada por estelionato e lavagem de dinheiro. Em julho de 2022, a Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar os fatos.

A estudante teria realizado grandes apostas em uma casa lotérica na zona sul de São Paulo e dado o prejuízo de R$ 192,9 mil aos proprietários.

Segundo o depoimento de um representante da lotérica anexado ao caso, tudo começou em abril de 2022, quando ela começou a apostar grandes valores via Pix. No total, Alicia teria apostado R$ 461 mil.

A denuncia diz que, em julho, a estudante teria pedido R$ 891,5 mil em apostas. Quando foi questionada sobre o pagamento, a suspeita disse que estava agendado. Foi então que ela realizou uma transferência de R$ 891,53 na tentativa de fazer com que os funcionários da lotérica pensassem que seria o valor total de R$ 891,5 mil.

Após uma discussão no local, ela saiu sem pagar cinco apostas de R$ 38,7 mil cada, totalizando R$ 192,9 mil.

Nota completa da comissão de formatura

“A Associação de Formatura da 106a Turma do Curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo informa que, no dia 6 de janeiro de 2023, teve conhecimento de que a então Presidente desta comissão retirou, sem o conhecimento e consentimento de qualquer outro membro da comissão, um montante totalizando aproximadamente 927.000,00 reais. A atitude isolada não representa moral e eticamente a postura dos demais membros desta Comissão e os mais de 110 alunos aderidos, vítimas dessa conduta.

Ressalta-se o entendimento desta comissão de que a [suspeita] descumpriu nosso Estatuto ao movimentar esse montante sem a assinatura de nenhum outro membro e transferindo-o a uma conta pessoal sua. Na data do 6 de janeiro de 2023 a Comissão da Turma 106 tomou conhecimento dos fatos por meio de uma mensagem de WhatsApp em que a [suspeita] confessava as transferências para uma conta pessoal sua. Ela alega ter perdido cerca de 800,000.00 reais investindo em um esquema supostamente fraudulento da empresa “Sentinel Bank”. O restante, confessa ter utilizado para, em cunho pessoal, contratar advogados para tentar reaver o dinheiro perdido. O montante de cerca de 927.000,00 foi arrecadado durante 4 anos pela empresa ÁS Formaturas.

De toda a história contada pela [suspeita], o único fato que temos certeza é a transferência do montante guardado sob custódia da empresa ÁS Formaturas para uma conta pessoal dela. Ainda estamos averiguando em que contexto foram realizadas as transferências.”