Transgênero volta à polícia como mulher depois de ser afastada

Analia Pasantino voltou como chefe depois de mais de 10 anos afastada da força policial por causa de transfobia

A história de Analia Pasantino teve um final feliz. Ela serviu a polícia federal da Argentina como um homem por 20 anos, mas foi afastada da corporação quando se revelou uma mulher transgênero. Depois de cerca de uma década tentando provar que as avaliações psiquiátricas que diziam que ela sofria de uma doença “irrecuperável” eram apenas preconceito, Pasantino foi reincorporada à força policial.

A vitória de Analia aconteceu nesta semana. E foi uma vitória dupla. Além de voltar a exercer a profissão que escolheu, ela foi nomeada vice-comissária policial no departamento de comunicações judiciais. Aos 49 anos, ela agora orgulha-se de ser chefe.

“Isto é um marco”, disse Pasantino, 49, à agência de notícias Associated Press nesta quinta-feira, 11. “Eu sou a primeira chefe policial transgênero da América Latina. É um passo sem precedentes e importante para mostrar para a América Latina e o mundo que nós somos uma instituição aberta””, orgulha-se. “O mundo mudou”, diz Pasantino. “Você pode viver a vida de uma identidade de gênero e não precisa mais viver uma vida dupla”.

Pasantino cota que foi forçada a pedir licença do departamento de polícia depois que se tornou uma mulher transgênero em 2008. A cada três meses, ela apresentava uma avaliação psiquiátrica na  esperança de ser reintegrada à polícia, mas um comitê estendeu sua licença em repetidas ocasiões. “Sempre era visto como uma doença”, lamenta. “Por mais seco que soe, o diagnóstico final era; um distúrbio em identidade de gênero que me fez irrecuperável para a força policial”.

Após uma mudança na liderança da força policial, ela conseguiu a reintegração. Ela também contou com a sorte de morar na Argentina, país que se tornou um líder mundial em direitos dos transgêneros em 2012, quando deu às pessoas liberdade para mudar sua identidade física e legal de gênero simplesmente porque eles queriam, sem ter de passar por processos judiciais, médicos ou psiquiátricos.

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