Uma única operação da Polícia no Rio deixa 24 civis mortos

A Polícia afirmou que os civis mortos se tratavam de 'suspeitos'

Vinte e cinco pessoas morreram, entre elas um policial, num intenso tiroteio durante uma única operação da Polícia Civil na Favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, nesta quinta-feira, 5. A corporação afirma ainda que os 24 mortos se tratavam de ‘suspeitos’, mas não esclareceu quem são as vítimas e a situação em que foram atingidas.

Uma única operação da Polícia no Rio deixa 24 civis mortos
Créditos: Reprodução
Uma única operação da Polícia no Rio deixa 24 civis mortos

Dois passageiros do metrô foram baleados dentro de um vagão da linha 2, na altura da estação Triagem, e sobreviveram. Um morador foi atingido no pé, dentro de casa, e passa bem. Dois policiais civis também se feriram.

De acordo com o MetrôRio, “dois clientes ficaram feridos após o vidro de uma das composições ser atingido por projétil vindo da área externa, na altura da estação de Triagem. Uma pessoa foi ferida por estilhaços de vidro e outra atingida de raspão no braço”. A concessionária informa que os dois foram imediatamente atendidos.

O policial civil André Farias foi baleado na cabeça e morreu, segundo a polícia.

Até a tarde desta quinta-feira, dez pessoas haviam sido presas. O confronto na região durou mais de sete horas.

Durante a ação, a TV Globo mostrou criminosos pulando de laje em laje e invadindo casas de moradores para tentar fugir da polícia.

Uma moradora da comunidade, que não terá o nome divulgado por motivo de segurança, disse que o clima ainda é tenso na comunidade.

“São muito policiais entrando aqui no Jacarezinho. São muitos. É desesperador. São grupos com mais de dez espalhados. Tem blindado, tem helicóptero, teve tiro, teve bomba. Ninguém consegue sair para trabalhar. Dá muito medo”, disse a moradora.

Pelas redes sociais, moradores relataram mais mortes que as computadas, além de corpos no chão, invasão de casas e celulares confiscados.

Em razão do tiroteio, a operação da Linha 2 chegou a ser interrompida, mas, segundo o MetrôRio, “já foi normalizada, e o serviço na estação e nos trens funciona normalmente”. A circulação de trens na capital fluminense também ficou conturbada e em alguns trechos foi suspensa, mas a situação foi normalizada às 10h.

Por volta do meio-dia, um grupo realizou um protesto em um dos acessos do Jacarezinho. O comércio na região fechou e as ruas ficaram vazias.

Segundo a Polícia Civil, a operação no Jacarezinho teve como alvo uma organização criminosa que atua na comunidade e que seria responsável por homicídios, roubos, sequestros de trens da SuperVia e o aliciamento de crianças para atuarem no tráfico local. A ação foi chamada de Exceptis e é coordenada pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).

A região do Jacarezinho é considerada um dos quartéis-generais do CV (Comando Vermelho). “Em razão da dificuldade de se operar no terreno, por conta das barricadas e das táticas de guerrilha realizadas pelos marginais, o local abriga uma quantidade relevante de armamentos, que seriam utilizados nas retomadas de territórios perdidos para facções rivais ou para se reforçar de possíveis investidas policiais”, explicou a polícia.