Vaquinhas ajudam a melhorar condições de indígenas na pandemia
Uma das populações menos favorecidas durante o isolamento, associações de apoio aos indígenas recorrem ao Vakinha, que viu crescer o número de doações
A pandemia desestruturou vários grupos sociais, mas um dos mais atingidos efetivamente foram os povos indígenas. Até o dia 7 de outubro, foram mais de 450 óbitos e mais de 29 mil contaminados entre essa população, segundo dados do Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), do Ministério da Saúde. Nas terras indígenas, o cenário na era da Covid-19 se torna mais preocupante do que nas populações de grandes centros urbanos pela precariedade da estrutura e falta de acesso a boas condições sanitárias para enfrentar o alastramento do vírus.
Saiba como apoiar indígenas no enfrentamento do coronavírus
No site Vakinha, o maior site de vaquinhas online do Brasil, durante a pandemia as campanhas abertas em prol da causa indígena já arrecadaram mais de R$ 900 mil.
- 6 frutas secas que ajudam a afastar o diabetes, segundo estudo
- SP abre 1.145 vagas em cursos gratuitos na área da cultura
- Livro traz a ancestralidade da culinária popular brasileira e alerta sobre os perigos da crise climática para a humanidade
- Fiocruz abre inscrições em cursos gratuitos de curta duração
Em momentos de crise como o atual, o brasileiro costuma colocar mais em prática sua atitude solidária. Nesse contexto, o Vakinha tem a missão de ser o primeiro passo para fazer fluir o sentimento de ajuda, sendo a partir da plataforma que muitas vaquinhas começam e contribuem com a vida de milhares de pessoas.
As lutas indígenas para enfrentar a Covid-19 repercutiram por todo o Brasil nessa pandemia. As quase 300 famílias Kayapó que vivem nas terras indígenas Baú e Menkgranoti, no Pará, passam por dificuldades de distribuição de mantimentos por conta do coronavírus. A vaquinha criada visa arrecadar dinheiro para suprir necessidades básicas dessa população, como óleo, arroz e sal, além de produtos de higiene. A logística de distribuição está sendo feita com segurança, para evitar contaminação. Com meta de arrecadar R$ 60 mil, por enquanto foram arrecadados mais de R$ 33 mil, ou seja, ainda há um bom caminho pela frente.
A falta de políticas específicas direcionadas aos nativos indígenas também atingiu os pataxós da Bahia. Este povo foi um dos únicos sobreviventes aos massacres dos portugueses no extremo sul baiano durante a colonização e o isolamento social desconectou ainda mais essa população, que já era acometida por descasos políticos. A arrecadação já chegou em R$ 64 mil, mas a meta é R$ 80 mil.
Uma das mais bem sucedidas com esse tema no site, a vaquinha criada pela APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, tem como meta arrecadar R$ 1 milhão e já arrecadou mais de R$ 750 mil, contando com quase 5 mil apoiadores e doadores. Os valores arrecadados estão sendo usados para a compra de alimentos, remédios e materiais de higiene para diversas tribos contempladas pela associação.
Também em ajuda aos povos indígenas que vivem na área urbana da fronteira do Alto Solimões, foi criada uma vaquinha com o intuito de arrecadar R$ 15 mil. Sinalizando o sucesso da campanha, recentemente o valor arrecadado até o momento já atingiu a meta estipulada. As arrecadações estão sendo usadas para combater as vulnerabilidades social e epidemiológica agravadas pela covid-19, diante das doenças condicionadas pelo contato com outros povos que também vivem na área urbana.
Luta pela sobrevivência
Com as dificuldades do atendimento às comunidades indígenas, os nativos contam principalmente com a ajuda de lideranças, ONGs e profissionais de saúde. A recuperação se tornou mais solitária e difícil quando lideranças indígenas também se tornaram vítimas fatais da covid, como aconteceu nos últimos meses com o cacique Aritana Yawalapiti, do Alto Xingu em Mato Grosso, e Guilherme Felipe Valério, de Mato Grosso do Sul.
O fato é que a população indígena não tem o respaldo necessário para o enfrentamento da crise. Por isso, o espírito de solidariedade do Vakinha se faz muito mais presente em momentos sensíveis como esse, com a disponibilização de uma plataforma que une pessoas e permite levar melhores condições de saúde e higiene para essa população.
Saiba como doar
As doações no Vakinha acontecem de forma simples: o usuário acessa a plataforma, faz um rápido cadastro e abre sua vaquinha, inserindo informações e a causa a ser contemplada, meta, data de encerramento e uma imagem ilustrativa. A partir do recebimento da doação, o valor total fica disponível para saque, que é transferido das contas do Vakinha para a conta direta do criador da campanha.
O aumento na abertura de campanhas na pandemia, que saltou de 196 mil entre março e agosto de 2019 para mais de 379 mil no mesmo período em 2020 – desde causas pessoais até pequenos negócios, saúde e causas sociais, como a indígena – se alinha ao propósito da plataforma – ser o passo inicial para trilhar um caminho de mobilização e solidariedade e dar assistência a causas importantes no país.