Veja trechos da reunião em que Bolsonaro admite interferência na PF
"Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro!", disse o presidente durante reunião ministerial
Os trechos mais importantes da reunião ministerial do dia 22 de abril, divulgado nesta sexta-feira, são os que podem comprovar as acusações do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, de que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferência política no comando da Polícia Federal.
Em uma de suas falas, Bolsonaro citou exatamente “interferir na PF” e declarou que não iria esperar alguém “f****” sua família ou amigos.
“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar f**** a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira”, disse.
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Dias após a reunião, Bolsonaro exonerou o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, o que causou a saída do ex-ministro Sergio Moro. “Você tem 27 superintendências, eu só quero uma, a do RJ”, teria alertado o presidente ao então ministro.
Além de citar o nome da corporação, o presidente falou na reunião que é uma “vergonha” não ter acesso a informações de órgãos de inteligência.
“E me desculpe o serviço de informação nosso — todos — é uma vergonha, uma vergonha, que eu não sou informado, e não dá para trabalhar assim, fica difícil. Por isso, vou interferir. Ponto final. Não é ameaça, não é extrapolação da minha parte. É uma verdade”, reiterou.
“Eu não posso ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações; eu tenho a inteligência das Forças Armadas que não tem informações; a ABIN tem os seus problemas, tem algumas informações, só não tem mais porque tá faltando realmente… temos problemas… aparelhamento etc. A gente não pode viver sem informação”, continuou.
No vídeo, Bolsonaro não explica sobre o que quis dizer com a fala da carência de “aparelhamento” na Abin. Mas, o exemplo usado por ele é bastante sugestivo:
“Quem é que nunca ficou atrás da… da… da… porta ouvindo o que seu filho ou sua filha tá comentando? Tem que ver para depois… depois que ela engravida não adianta falar com ela mais. Tem que ver antes. Depois que o moleque encheu os cornos de droga, não adianta mais falar com ele: já era. E informação é assim”, finalizou.
STF divulga vídeo após acusações de Moro contra Bolsonaro
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta sexta-feira, 22, divulgar o vídeo da reunião ministerial, do dia 22 de abril, que comprova as acusações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tentou interferir politicamente no comando da Polícia Federal.
O vídeo não foi divulgado na íntegra, Celso de Melo impôs restrições atendendo a pedidos da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Advocacia-Geral da União (AGU), ambas contrárias à divulgação do conteúdo na íntegra.
A defesa de Moro pediu a divulgação na íntegra do vídeo, que deixaria claro o “tom autoritário” de Jair Bolsonaro.
O STF determinou a exclusão de trechos específicos em que há referência a dois países com os quais o Brasil mantém relação diplomática, informou o STF em nota.