Menino diz que baianos são estranhos e tia dá a melhor resposta

30/11/2017 16:23

O preconceito – seja ele de raça, de classe ou de qualquer outra natureza – é uma construção social. Quando as crianças dizem algo ofensivo, estão reproduzindo posturas e comportamentos dos adultos com quem convivem. Daí a importância do diálogo aberto com os pequenos sobre aquilo que elas dizem e fazem, a fim de construir com responsabilidade e cuidado sobre suas primeiras referências sobre respeito e tolerância.

Foi o que fez a paulistana Stela Yeshua, com o sobrinho Gustavo. Em uma conversa, o pequeno disse para ela não sair de casa com um determinado visual porque estava parecendo uma baiana. Stela, que parte do movimento de mulheres Estaremos Lá, que nasceu para trazer à luz casos de racismo e exclusão, resolveu começar uma importante conversa com o menino, e gravou um vídeo para inspirar outras famílias a fazer o mesmo.

Ela começa retomando o que o pequeno disse, questionando por que ele pensa dessa forma. Depois, com uma abordagem de honestidade e afeto, ela explica o impacto de comportamentos preconceituosos nas pessoas que são alvo deles, e finalmente esclarece que, na verdade, a ofensa recaiu sobre ele mesmo. Assista:

Crianças não aprendem tudo sozinhas..#compartilhe

Posted by Estaremos lá on Saturday, October 7, 2017

“E se eu te falar que sua avó veio da Bahia?”, provoca a tia. O menino demonstra surpresa e não sabe bem o que dizer.

“Então você também também tem sangue baiano. Metade de você é estranho e fala engraçado?”, revela, estimulando o menino a refletir sobre sua própria história. “A gente tem que prestar atenção naquilo que falamos, porque podemos ofender alguém. E você nem se ligou que quem estava ofendendo era você mesmo”, diz ela.

O vídeo, que viralizou, com mais de 5 milhões de visualizações e 72 mil compartilhamentos, termina com um apelo a uma tomada de posição coletiva sobre a questão do racismo no Brasil.

“As crianças muitas vezes estão reproduzindo o que ouvem por aí, sem intenção. Mas a chave é educar. Onde tiver xenofonia e crianças mal instruídas precisando saber da verdade, nós, todos juntos, estaremos lá”.

O gesto de Stela reforça a importância de considerar o racismo e o preconceito como comportamentos intrincados em nossos gestos e discursos, e chama a atenção para o fato de que “as crianças não aprendem sozinhas” – como ela diz. Por isso, é preciso praticar uma educação paciente, cuidadosa e atenta, para que as crianças cresçam conscientes e sensíveis sobre as diferenças que existem no mundo.

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