Vítimas de violência sexual lançam campanha após caso de estupro coletivo

Com a hashtag #EuSouSobrevivente, mulheres compartilham relatos de assédio sexual e estupro

Na última semana, o caso de estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos, em uma comunidade na zona oeste do Rio de Janeiro, indignou o país e levantou o debate, novamente, acerca da violência contra as mulheres.

Na última sexta-feira, dia 27, a ativista social Sabrina de Campos, de 35 anos, decidiu compartilhar em seu perfil no Facebook o relato do estupro que sofreu há 19 anos, quando tinha apenas 16 anos. A história rapidamente viralizou e estimulou outras mulheres a fazerem o mesmo. A partir disso, surgiu a campanha com a hashtag #EuSouSobrevivente nas redes sociais.

“O que mais me dá raiva, não são ‘só’ os 33 estupradores. São os milhares de pastores, bispos e outros líderes religiosos que continuam pregando com hipocrisia, culpabilizando as mulheres, sendo homofóbicos, medindo o caráter das pessoas pelo comprimento da saia. É ter que assistir uma dor coletiva, me sentir impotente e ver que nada mudou. Mentira. Mudou sim, tá pior”, conta o post.

A partir do relato da ativista, outras mulheres passaram a compartilhar suas histórias
Créditos: Heloisa
A partir do relato da ativista, outras mulheres passaram a compartilhar suas histórias

Os relatos compartilhados são impactantes e revelam a força das vítimas mesmo depois de passar por uma situação de violência sexual. Confira aqui todas as histórias publicadas com a hashtag.

Além dessa campanha, a indignação coletiva motivou a criação de outras iniciativas, tanto nas redes sociais, quanto na rua. Exemplo disso é a hashtag #QueroUmDiaSemEstupro e a ação “Fim da Cultura do Estupro” nas fotos dos perfis do Facebook e Twitter.

O evento Por Todas Elas, em luta pelo fim da violência contra as mulheres, também tomou conta das ruas nesta quarta-feira, dia 1, em mais de 50 cidades em todo o Brasil.

Machismo no Brasil

Nos dez primeiros meses do ano passado, o Brasil registrou 63.090 denúncias de violência contra a mulher, número equivalente a um relato a cada 7 minutos. Os dados são da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), a partir dos relatos recebidos pelo Ligue 180.

Quase metade das denúncias (31.432 ou 49,82%) corresponde à violência física e 58,55% foram relatos de violência contra mulheres negras. O 180 também registrou 19.182 denúncias de violência psicológica (30,40%), 4.627 de violência moral (7,33%), 3.064 de violência sexual (4,86%) e 3.071 de cárcere privado (1,76%).