Artur Barrio, único artista na Bienal de Veneza

Criador de núcleos conceituais. Planeja “situações”, em que o artista é responsável por recriar ambientes diversos, nas quais corpos e coisas são postas em movimentos modificam, de modo efêmero, um lugar e um instante.

Em uma das “Situações” mais conhecidas, realizada durante a ditadura militar brasileira, Barrio depositou trouxas ensanguentadas próximas a um córrego na cidade de Belo Horizonte, confundindo por algum tempo passantes e polícia e evocando o estado de exceção então vivido no país.

As ‘Situações’ têm origem nas anotações, desenhos e colagens com que Barrio preenche o que chama de CadernosLivros. E são mais conhecidas do público por meio dos Registros-fotos, Registros-filmes ou Registros-livros que o artista faz de cada Situação. Nem os CadernosLivros nem os Registros se confundem, contudo, com as Situações. Essas estão sempre aquém ou além de qualquer forma de registro, não se deixando aprisionar como imagem, texto ou objeto. É nesse campo do inapreensível que o artista constrói sua singular trajetória.

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Artur Barrio durante performance

Na 54ª Bienal, no Giardini Castello – Padiglione Brasile, o pavilhão brasileiro será ocupado de duas maneiras distintas e articuladas. Na primeira sala haverá a apresentação de diversos Registros de trabalhos anteriores em fotografias, vídeos e textos, de modo que mesmo o visitante que não possua conhecimento prévio de seu trabalho possa acercar-se de seus procedimentos e estratégias.

Na segunda sala estará uma nova instalação criada pelo artista especialmente por ocasião de sua participação na mostra. Articuladas, as duas salas oferecerão mais outra prova, contida na presença rigorosa e radical da obra de Artur Barrio, da diversidade que ampara e projeta a produção artística feita no país.

Por Redação