Baratas invadem São Paulo. Calma não é sujeira, é arte urbana!

Intervenção urbana espalha adesivos de baratas pela cidade

20/09/2012 16:52 / Atualizado em 04/05/2020 11:10

Há quem tenha medo, nojo, repulsa. Há quem seja indiferente e sempre tem aqueles que se aproveitam para acabar com sua frágil existência numa demonstração de heroísmo covarde. Causam rebuliço por onde passam, arrancando gritos histéricos, na maioria das vezes femininos, no meio da multidão. Têm o poder de fazer delicadas donzelas darem saltos dignos de campeões olímpicos e de mudar todos os móveis de um ambiente de lugar apenas com sua presença singela e asquerosa. Mas o certo é que as baratas, por mais malquistas que sejam, sempre chamam muita atenção.

Pensando nisso, uma dupla de amigos criou, quase sem querer, uma intervenção urbana que acaba por tornar simpáticos esses seres indesejados. Tratam-se de adesivos com desenhos de baratas impressos que já foram colados em Recife, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Vitória, e em diversos bairros de São Paulo.

A história das cucarachas colantes começou por volta de 1985, quando o músico e artista plástico Natinho, 49, recortou uma ilustração de barata de um fanzine da época para servir como símbolo de sua banda ‘Radical Sem Dó’. “Os fanzines eram o nosso Facebook nos anos 80”, diverte-se. A banda acabou, mas as baratas, resistentes que são, permaneceram.

Com a ajuda do amigo Sickera, 34, que viaja todo o país como roadie do rapper Emicida, Natinho começou a espalhar adesivos com o desenho da barata, nos mais diferentes tamanhos, por diversas capitais brasileiras. Chegaram a fazer uma colagem gigante com o monstro kafkiano no Museu Nacional, em Brasília, durante a Semana Fora do Eixo, evento dedicado à arte urbana.

“A coisa começou mais como uma brincadeira”, explica Sickera. “A gente faz porque é divertido”. Ainda esse mês a dupla pretende espalhar mais alguns adesivos gigantes por São Paulo.