Pornografia foi usada para subverter a arte nos anos 80
"Antes de dominar a palavra escrita, o homem já desenhava sacanagem nas paredes das cavernas"
Entre 1980 e 1982, sob a ditadura militar, um grupo de jovens artistas utilizou a estética e a performance do corpo como resistência política e ferramenta para uma arte inovadora. Quase sempre pelados e sem medo de gozar, o Movimento de Arte Pornô, produziu conteúdo inovador e libertário.
Concebido por Eduardo Kac, teve como primeira a atividade a invasão repentina do posto 9 de Ipanema com o Top Less Literário com performances, leitura de poesias, exibição de cartazes e distribuição de material.
Depois, Trindade e Teresa Jardim, Braulio Tavares, Ana Miranda, Cynthia Dorneles e Sandra Terra juntaram-se a turma, que intitulou-se coletivo Gang. Juntos iam para as ruas proclamar o amor e perpetuar o gozo nas artes, na política e na vida.
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“O Pornopoema vai por no poema”
Apesar do forte cunho político, o Movimento de Arte Pornô tinha uma consciência estética e buscava criar novas formas de arte e poesia. Romper as amarras da literatura e da arte também era um dos objetivos do grupo. Com a sensação de que tudo já havia sido feito, eles queriam fazer um da strip-tease da arte, sem o moralismo dos críticos e o vazio dos museus.
Apesar do nome, o grupo nunca produziu pornografia tradicional. A ideia era utilizar a sua lógica como ferramenta de combate político.
Para isso, fez uso diversas linguagens, como literatura, performances, quadrinhos e fotografia. Mas a poesia foi a principal ferramenta e era levada para espaços públicos, com cartazes e proclamação. “O Poema Porno taí para abrir as pernas e as ideias” , proclamavam.
O grupo publicou três edições do zine Gang, livretos, camisetas, gravuras e histórias em quadrinhos.
Com informações de Tecno Arte News e Archives.