Marcelo Gandhi é premiado por obra que resgata opressões contra gays

Resultado do 15º Salão de Artes Visuais, exposição ‘Elefante’ ganha prêmio de R$ 15 mil

01/10/2014 14:43 / Atualizado em 06/05/2020 17:13

 
 

Em tempos de Levys e Felicianos, batalhas são vencidas no campo das artes. O artista plástico Marcelo Gandhi acaba de receber prêmio de R$ 15 mil pela exposição ‘Elefante’, recém-exibida na Fundação Capitania das Artes, em Natal. O valor, concedido pela Prefeitura da cidade, é resultado do 15º Salão de Artes Visuais, evento no qual Marcelo concorria com outros 19 artistas selecionados.

O próprio título já mostra o teor do trabalho. ‘Elefante’ não tem nada de leveza, de ‘arte para decorar paredes’. É uma catarse, reflexo de todas as formas de opressão vividas pelo artista. “A intenção é falar sobre violência, educação e afeto, passando pelas minhas memórias de adolescente e criança gay e inadequada, perante a hegemonia heteronormativa cristã”, conta Marcelo.

 
 
Na mostra, paredes são ocupadas por notas e pensamentos que fazem referência às experiências do artista em sua terra natal. Em um dos maiores espaços, está a frase “homossexualidade é progresso”, título dado também à performance realizada pelo artista na abertura da exposição.

No texto curatorial de Sofia Bauchwitz, a mensagem é clara: “E como quase todo espaço de memória, requer também uma boa dose de generosidade. Assim, não é uma mostra puramente visual, para olhares preguiçosos”.

Polêmica

Na contramão da proposta, o Jornal de Hoje falou sobre o prêmio em manchete publicada nesta semana, após desmontagem da mostra, em tom pejorativo. A matéria usa o valor de R$ 21 mil em referência à exposição ‘Elefante’, porém o valor real pela montagem é R$ 6 mil, concedido em sistema de pró-labore aos 20 selecionados pela FUNCARTE. Os R$ 15 mil referem-se ao prêmio de Marcelo Gandhi como ganhador do concurso.

 
 
“A matéria se revela preconceituosa, homofóbica, reducionista e maquiavélica”, diz Marcelo. O assunto gerou polêmica nas redes sociais, onde jornalistas e professores se posicionam contra a publicação.