Porque cadeira também é arte: jornalista registra inusitadas obras ao redor do mundo
Criado pela jornalista Vanessa D'amaro, projeto fotográfico '101 cadeiras ' divulga as imagens em perfil no Instagram
Moderna ou clássica? Colorida ou não, diferentes formatos, desenhos e estéticas… Sinônimos comuns que poderiam definir um quadro, uma intervenção,escultura ou até mesmo uma cadeira. Isso mesmo, uma cadeira!
Você talvez nunca tenha percebido, mas móveis também podem ser transformados em obras de arte. Assim começa a história do projeto fotográfico 101 cadeiras, assinado pela jornalista Vanessa D’amaro – que há algum tempo atrás também não entendia o conceito artístico que uma cadeira podia ter.
Há cinco anos, Vanessa foi trabalhar como repórter de design no site casa.com.br. Sem entender nada do assunto, precisou se virar para dar conta dos inúmeros eventos que cobria e do novo mundo que passaria a viver. “Sempre me chamou a atenção a reverência com que as pessoas do meio tratam as peças de design. É com seriedade, como se fossem obras de arte. Vi em muitas exposições plaquinhas “favor não sentar nas cadeiras” e achava muito estranho. Nas mostras da Casa Cor, o espírito era outro. Em tese, deveríamos experimentar aquelas peças, aqueles móveis, aquele conforto, mas ainda assim via as pessoas muito acanhadas de sentar nas cadeiras, tocar os tecidos e etc. ”.
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Entre pautas, eventos e reportagens, Vanessa foi cobrir a edição 2012 do Casa Office junto com outra amiga de profissão. Durante a visita ao evento, que estava vazio, Vanessa se deparou com uma poltrona de desenho peculiar, a ‘Chifruda’, conhecida peça do designer carioca Sérgio Rodrigues. “Como não tinha ninguém em volta, decidi sentar. Sentei e pedi para a repórter fazer uma foto. E achei muito divertido ter essa foto! Decidi que iria registrar vários móveis que conhecesse ao longo das coberturas para marcar o momento”. Sem saber, a repórter dava início ao projeto lançaria dois anos depois.
Em 2013, na Semana do Design de Milão, deu sequência à brincadeira registrando algumas peças em exposição na feira. Uma das fotos acabou publicada em uma matéria da revista Casa Claudia – era uma cadeira Mafalda da designer espanhola Patrícia Urquiola, hoje uma das artistas preferidas de Vanessa.
Com um número considerável de fotos, surgiu pela primeira vez a ideia do “101 cadeiras”. “Pensei em um dia montar um blog com 101 cadeiras. Mas nunca montei. Não via o propósito. Achei que ninguém ia se interessar. Quem ia acessar um blog só sobre cadeiras? Aí uma amiga minha disse: ninguém vai acessar um blog de cadeiras, mas as pessoas curtiriam se essas fotos aparecessem de repente no Instagram”.
Primeiras fotos no insta…
Tudo aconteceu só há duas semanas, quando a repórter criou uma conta no Instagram, lançando o projeto “101 cadeiras”. Com quase 20 fotos publicadas, o projeto ainda em fase inicial ganhou também a colaboração de amigos e até mesmo dos próprios designers, que enviam fotos e sugestões de pauta para Vanessa. “O mais legal é que muitos dos meus amigos resolveram fazer o mesmo. Agora, eles me mandam fotos sentados em cadeiras, me sugerem peças ou posts. Uma amiga disse que eu tinha que procurar o banco Sela, procurei, achei, mandei para ela. Outra me mandou fotos da Dinamarca, onde ela está morando, com peças de design dinamarquês que são um luxo. Os designers também estão curtindo e sugerindo peças”.
Muito mais que uma simples cadeira
Na busca por diferentes estilos e tendências, Vanessa segue seu projeto de fotografar as mais diversas peças mundo afora. Entre seus muitos objetos de desejo da repórter, um deles tem sua preferência. “Meu sonho é encontrar uma poltrona Mole, do Sergio Rodrigues que é o meu designer preferido. Dizem que ela é a mais confortável de todos os tempos, quero ver se é isso mesmo. Já sentei na Benjamin do Sergio Rodrigues também. Ele era demais, são as cadeiras mais confortáveis”.
Atraída pelas diferentes estéticas, influências e estilos, Vanessa se aventura por um cenário artístico pouco comum por aqui.
Após alguns anos escrevendo sobre design, a jornalista destaca a genuinidade das obras, que muito mais que simples cadeiras, trazem não só conforto, mas a autenticidade de cada trabalho. O legado de cada artista. “Elas têm uma cara específica, uma cara de Sergio Rodrigues e isso que é o mais legal do design. São só cadeiras, mas cadeiras contam muita coisa sobre quem as desenhou. Acho que no mundo do design tudo começa com elas. Todos os designers já desenharam ou vão desenhar uma. É um clássico”.