Sambanzo: o novo projeto de Thiago França que não é dele
Depois de se consagrar em 2011 com projetos ao lado de Romulo Fróes em “Um Labirinto Em Cada Pé”, de se unir a Gui Amabis em suas “Memórias Luso/Africanas” e de compactuar uma parceria de peso com Kiko Dinucci e Juraça Marçal em “Metá Metá”, o mineiro Thiago França se lança, no sentido figurado e musical, nas profundezas de “Sambanzo”.
A princípio, parece tão autosuficiente quanto a propriedade com que toca seu sax tenor. Mas Thiago refuta: “Tenho certeza que o resultado final depende só 20% de mim, os outros 80% são graças aos outros que completam o projeto: Kiko Dinucci (guitarra), Cabral (baixo), Pimpa (bateria), Samba (percussão) e Rodrigo Campos na produção”.
O projeto autoral que mistura o senso de coletividade nas notas também mistura muitas outras coisas: o jazz, o samba, o afrobeat e até o rock. Mas Thiago contrapõe mais uma vez “Acho que definir é quase tão impossível quanto desnecessário. Hoje em dia, com a quantidade de informação que circula na internet, você acaba ouvindo um pouco de um monte de coisa.”
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Com tantas influências, o saxofonista incorpora o candomblé, a gafieira e um pouco da África, assinando assim o seu nome e identidade. O que não quer dizer que isso seja consciente: “já me peguei assobiando músicas minhas e pensando ‘de quem é isso mesmo?’ “, confessa.
“Etiópia”, o primeiro álbum por Samabanzo, vibra em som e energia desde “O Sino da Igrejinha” até a última faixa “Risca-Faca”. “Tilanguero” pode ser um bolero para se dançar grudado, mas não é. “Capadócia” lembra “O Mundo Verde Esperança” de Hermeto Pascoal, mas não tem nada a ver. “Xangô” é rock embora o jazz continue predominando dentro do eterno suingue que propõe.
Se é isso, aquilo ou “blablabla”, não se pode definir. Mas uma coisa é indiscutível: é um disco latino americano e acima de tudo, essencialmente brasileiro – que você ouve e baixa, na íntegra – aqui.