Thiago Pethit propõe “rock de batom” em novo álbum; ouça ‘Rock’n’roll Sugar Darling’
Em 2012, Thiago Pethit dialogava com as próprias inseguranças enquanto artista ao lançar “Estrela Decadente”, disco que homenageia personas que já brilharam e hoje estão “fora dos padrões”. Nesta segunda-feira, 10, o cantor paulistano coloca oficialmente no mercado (ouça gratuitamente na plataforma Deezer) “Rock’n’roll Sugar Darling”, álbum que reflete uma nova autoimagem. “Digo que esse disco é a ascensão da estrela decadente. Não posso mais ficar me lamentando como um fracassado”, diz ao Catraca Livre.
O título do álbum revela: neste novo trabalho, Pethit quer ser uma estrela do rock. Mas o rock não morreu? “Adoro provocar as pessoas”, diz ao telefone. Aos 29 anos, o cantor tem ciência do risco que corre ao abordar um gênero que possui menor impacto cultural e comercial em comparação a décadas passadas. “Hoje, o rock brasileiro é o funk”, diz. “Eu sinto que este é um momento errado para se fazer rock no Brasil. O que era transgressor virou um Lobão de direita. Assumiu uma estética conservadora e machista”, analisa.
Mas sua condição de artista independente e o gosto por “fazer tudo errado” lhe permite arriscar. E o que propõe em “Rock’n’roll Sugar Darling” tem ligação com outras referências, mais clássicas, essencialmente dos anos 60 e 70 – como Iggy Pop, Mick Jagger e Bo Diddley. “Queria resgatar um rock esquecido, que tem agressividade e libido. Um rock viado. Um rock de batom”, define.
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O disco chega às plataformas virtuais acompanhado de registros com pegada cinematográfica: os videoclipes das canções “Romeo” e “Quero Ser Seu Cão”, além dos chamados “áudio-vídeos” para as dez faixas autorais – todos em um sóbrio preto e branco. “Música para mim é cada vez mais uma maneira de fazer outras coisas como fotografia e vídeos. E esse disco explora bem tudo isso”, conta.
Kassin e Adriano Cintra (ex-Cansei de Ser Sexy) dividem a produção do álbum. Do primeiro, Pethit queria a “atmosfera refinada, com aberturas de voz e coros. De Adriano, “uma aproximação maior com a linguagem eletrônica, computadorizada”.
Ao refletir sobre a cena independente brasileira e a posição que figura nela, Pethit se mostra insatisfeito. Diz que a cena proliferou nos últimos anos, mas carece de um circuito de casas e shows que dê vasão a esses artistas.
A imagem da estrela do rock volta a ser destaque na conversa quando o assunto são os riscos e contradições do mercado. Pethit recorda que nos anos 90 era comum um rockstar quebrar o quarto de hotel após o show. O cenário mudou, as gravadoras não amparam mais financeiramente seus artistas e esse tipo de ação deixou de existir. ”Sinto que me tornei um rockstar. A cada disco que lanço é como seu estivesse quebrando um quarto de hotel”.
Confira o tracklist:
01. Intro (participação de Joe Dallesandro)
02. Rock’n’roll Sugar Darling
03. Romeo (participação Helio Flanders, do Vanguart)
04. Quero Ser Seu Cão
05. Save The Last Dance
06. De Trago Em Trago
07. 1992
08. Honey Bi (participação de Adriano Cintra)
09. Voodoo
10. Perdedor
11. Story In Blue