Bolsonaro faz busca por idiota bater recorde mundial no Google
Nunca tantas pessoas procuram num único dia pela palavra “idiota” nas buscas do Google.
Em poucas horas, já foram nesta segunda-feira mais de um milhão de vezes, assumindo o primeiro lugar na lista das palavras mais buscadas.
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É uma oportunidade para se aprender como funciona o sistema de relevância de palavras no Google.
Fiz um teste no Google com a palavra “idiota”.
Minha curiosidade tinha um motivo bem simples. O principal executivo do Google, Sundar Pichai, foi cobrado duramente no Congresso, na semana passada, porque, quando se digita “idiot” no buscador, o rosto de Donald Trump aparece em profusão nas imagens.
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Muita gente pareceu não aceitar sua explicação sobre como o algoritmo do buscador faz uma escala de relevância a partir das palavras associadas a personagens e instituições.
Ocorre que um canal de TV da França, em tom de brincadeira, deu o prêmio “Idiota do Ano” para Bolsonaro.
A procura pela palavra na busca do Google depois que saiu na minha coluna o teste – e muita gente resolveu testar.
Helton Simões Gomes, especialista de redes sociais do UOL, explica:
“A forma como a premiação foi noticiada interferiu no jeito como o Google respondeu a buscas por “idiota”. Antes de entregar resultados para uma pesquisa, o motor de buscas do Google faz muitos cálculos. Ele tenta, antes de tudo, definir o que o internauta está procurando. Para isso, analisa, entre outros dados, informações como a localização da pessoa, tipo de aparelho usado e até pesquisas anteriores. Combina isso com os resultados que estão sendo clicados por outros indivíduos que fizeram buscas similares.
Tudo isso é levado em conta antes de um link ser exibido no topo da página de resultados. Vão parar na parte de cima os links considerados relevantes, ou seja, aqueles que os algoritmos do Google julgam que podem atender melhor à demanda dos internautas. O líder do centro de engenharia do Google na América Latina, Berthier Ribeiro-Neto, costuma explicar que os engenheiros estão preocupados com o que chama de “qualidade da busca”, ou seja, se os links exibidos estão diretamente relacionados com as consultas. Para ajudar a entender como os complicados cálculos feitos pelo algoritmo de buscas funcionam, ele usa uma analogia.
Suponha que o usuário busque por ‘banco do Brasil’. O que você acha que ele quer? Um banco de praça no Brasil ou a instituição financeira? Possivelmente, ele está querendo ter acesso ao site do Banco do Brasil para fazer uma transação qualquer”, explicou ao UOL Tecnologia em outubro deste ano. “E se a consulta mudar e ficar assim, ‘transferência de dinheiro para o Banco do Brasil’? Continua aparecendo [o site do BB] em primeiro lugar? É com isso que o engenheiro está preocupado.” Ou seja, de alguma forma, os links de notícias relatando o fato de Bolsonaro ter sido um dos premiados no “Idiotas de Ouro” passaram a ser os resultados mais relevantes entregues pelo Google a quem fazia consultas pela palavra “idiota”.