Dimenstein: a melhor coluna de hoje sobre a dupla Moro e Bolsonaro

Divulgar material de irrecusável interesse público, não importa por qual meio tenha sido obtido, é obrigação da imprensa

O jornalista Ricardo Noblat, da Veja, fez a melhor coluna deste sábado, 5, sobre Bolsonaro e Sergio Moro, comentando a participação da dupla amanhã no Maracanã.

“O ex-juiz Sérgio Moro chama de “sensacionalismo” o que faz a imprensa ao divulgar suas comprometedoras conversas com procuradores durante a condução da Operação Lava Jato”.

Ora, “sensacionalismo” ele faz ao sugerir que uma eventual anulação do processo que condenou Lula no caso do tríplex abrirá a porta da cadeia para os demais presos pela Lava Jato.

Sergio Moro durante a posse como ministro da Justiça e Segurança Publica do governo Bolsonaro
Créditos: Alan Santos/PR
Sergio Moro durante a posse como ministro da Justiça e Segurança Publica do governo Bolsonaro

Divulgar material de irrecusável interesse público, não importa por qual meio tenha sido obtido, é obrigação da imprensa. O contrário disso seria subtrair ao povo o que ele tem direito de saber.

Por sinal, esse sempre foi o argumento de ouro usado por Moro e os procuradores seus parceiros para justificar o vazamento de informações que alimentaram a imprensa nos últimos anos.

Não foi assim, por exemplo, quando Moro liberou para publicação um diálogo entre a ex-presidente Dilma e o ex-presidente Lula grampeado depois do prazo estipulado por ele mesmo?

“Sensacionalismo” é também o que ele faz quando se apresenta como vítima de um complô para destruir o legado da Lava Jato, a maior e mais bem-sucedida operação de combate à corrupção.

O site The Intercept e seus jornalistas defenderam a Lava Jato em diversas ocasiões. A Folha de S. Paulo e a VEJA também, e continuam a defendê-la.

O combate à corrupção é uma unanimidade entre todos os veículos de comunicação do país, e também fora daqui. O que se começou a conhecer sobre as entranhas da Lava Jato é que deixou de ser.

Quer maior “sensacionalismo” do que Moro proclamar que será julgado pelo povo quando desfilar amanhã pelo gramado do Maracanã na companhia de Bolsonaro?

Até aqui só havia um líder populista no alto escalão da República – o capitão. O ex-juiz se oferece como o segundo. Aprendeu rápido com pouco tempo de Brasília. Mas ainda não aprendeu tudo.

Se forem aplaudidos no Maracanã que no passado já vaiou minuto de silêncio, quem faturará com isso será Bolsonaro. Se forem vaiados, quem amargará com isso será Moro. Elementar, caros.