Dimenstein: até para Bolsonaro, esse comentário passou dos limites

O combate ao trabalho infantil faz parte das conquistas da civilização

Para quem já defendeu fim dos radares, proteção aos transgressores de trânsito, ataques as florestas ou santuários ecológicos, até que faz sentido elogiar o trabalho infantil.

“Olha só, trabalhando com nove, dez anos de idade na fazenda eu não fui prejudicado em nada. Quando um moleque de nove, dez anos vai trabalhar em algum lugar, tá cheio de gente aí ‘trabalho escravo, não sei o quê, trabalho infantil’. Agora, quando tá fumando um paralelepípedo de crack, ninguém fala nada”, comentou o presidente em tom de “confissão”.

Primeiro probleminha: Bolsonaro não é exemplo educativo.

É monoglota, não conhece rudimentos básicos da língua portuguesa, é incapaz de discorrer com profundidade sobre qualquer assunto. Culturalmente é nulo: não conhece nada de arte. Sou capaz de apostar que ele nunca ouviu um concerto de musica erudita, visitou com prazer um museu de arte moderna ou leu clássicos. Nem como militar se saiu bem. Pelo contrário.

Segunda probleminha: o combate ao trabalho infantil faz parte das conquistas da civilização. Assim como a vacinação infantil ou direito de voto às mulheres.

Lugar de criança é a escola ou brincando para desenvolver seu potencial.

Simples assim.

Veja o argumento dele: prova que, por não ter estudando, não sabe articular raciocínios lógicos.

Quem é que não se incomoda com crianças fumando crack?

E o que tem a ver isso com trabalho infantil?

Ele fala que usava armas aos 9 anos de idade. Isso saudável?

Terceiro problema: Bolsonaro talvez não saiba, mas já existe legislação que permite jovens trabalharem na condição de aprendizes.

O que é ótimo: mistura ensino com trabalho.