Dimenstein: como vai ser o ministro da Educação de Bolsonaro?

05/11/2018 17:50 / Atualizado em 18/12/2018 18:30

Não será fácil a primeira entrevista do ministro da Educação escolhido por Jair Bolsonaro.

Se lhe for perguntado quando será tirado das escolas o “Kit Gay”, ele tem duas opções:

1)Responde que não existe Kit Gay  (o que é a verdade) e já começará brigando com Bolsonaro;

2) Dirá que tomará providências rapidamente e será demitido pela sociedade. Afinal, não existe esse tal material nas escola, mostrando que o novo ministro não sabe nada de educação. Estaria transmitindo uma comprovada Fake News.

Será perguntado também como vai tirar a influência de Paulo Freire do Ministério. Mais um problema.

Acontece que não existe uma única menção a Paulo Freire na nova base curricular.

Raros cargos serão tão complexos como o de ministro da Educação na gestão Bolsonaro.

Se quiser implantar  a “Escola Sem Partido”, o ministro vai trombar com o Supremo Tribunal Federal, que já deixou claro: não vai permitir que a liberdade de expressão nas escolas.

Sem contar, a trombada com professores de todo o Brasil.

Se o novo ministro tiver ideias como equiparar “criacionismo”  ( a vida foi criada por Deus) com biologia evolucionista ( Darwin)  vai virar motivo de chacota na comunidade científica. Afinal, não terá entendido o que significa DNA.

Uma coisa é religião; outra é ciência.

Ainda mais complicado será rever os livros que classificam a ditadura como ditadura. Como publicar livros que informem não ter existido censura à imprensa?

Bolsonaro defendeu que professores sejam filmados em sala de aula e ressaltou que, a seu ver, isso deve ser motivo de “orgulho” para os docentes. Essa é mais uma medida que trombaria com o Ministério Público.

“Professor que tem se orgulhar e não ficar preocupado. Mau professor é que se preocupa com isso aí”, afirmou ele.

Por isso tudo, ser ministro da Educação pode ser o pior emprego de Brasília.