Dimenstein: por que eu defendo com prazer Tabata Amaral
Favorável à proposta, a parlamentar contraria a decisão partidária de opor-se ao tema no Congresso
Por ter votado a favor da reforma da previdência, embora sendo de um partido de centro-esquerda, Tabata Amaral está sendo massacrada nas redes sociais.
Ela está certa: votou de acordo com sua consciência, não por qualquer interesse mesquinho.
Pelo contrário: seria melhor entrar na onda da oposição.
Tabata é um diamante nacional.
Saiu da periferia, estudou em Harvard e voltou ao Brasil para defender educação pública.
Com esse diploma, poderia morar nos Estados Unidos.
Como alguém que se interessa pela educação, ela sabe que, sem reforma da previdência – aliás, implantada no mundo inteiro – faltarão recursos ainda mais recursos para as escolas.
A conta é elementar.
Já tapamos um buraco de R$ 300 bilhões por ano por causa das aposentadorias.
Sabem o que isso significa? 10 vezes o valor gasto com a Bolsa Família, que ajuda 40 milhões de brasileiros.
Como a população vai ficar cada vez mais velha, esse buraco só tende a crescer.
De onde vai sair esse dinheiro?
Mais impostos? Mas já pagamos muitos impostos.
Trabalhamos quatro meses por ano apenas para sustentar os governos.
Tabata votou com a razão – e com a matemática.
Não somos um país de cidadãos. Mas de corporações.
Quem se preocupa com um país com menos miséria e desigualdade sabe que terá de enfrentar desperdícios e privilégios.
Vale a pena apanhar por isso.