Dimenstein: processo de homicídio culposo contra Jair Bolsonaro
Está repercutindo no país o desfecho da morte da modelo Caroline Bittencourt.
O empresário Jorge Sestini, marido de Caroline, será indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, segundo a Polícia Civil.
Para o delegado Vanderlei Pagliarini, que investiga o caso, Jorge teve um comportamento negligente ao sair para navegar com a mulher naquele dia.
Por esse mesmo princípio – a negligência – defendo um processo por homicídio culposo contra Jair Bolsonaro.
O que ele está fazendo nas estradas federais, tirando os radares, justificaria esse processo.
A consequência serão milhares de mortes e dezenas de milhares de acidentes.
Qualquer especialista de trânsito em qualquer lugar do mundo – repito qualquer lugar do mundo – pode mostrar
Basta ver os estudos brasileiros: estradas com mais radares têm menos mortes.
No programa do Silvio Santos, ele justificou a desativação dos radares como combate ao que seria “indústria da multa” e a volta do prazer de dirigir.
Ou seja, é um misto de ignorância com irresponsabilidade.
Ele podia ter lembrado no programa que ele e sua família têm um péssimo prontuário de multas no Detran do Rio de Janeiro.
Se é correto processar o marido de Caroline por homicídio culposo, mais razão ainda teríamos para processar o presidente por negligência.
Ele não fez um único estudo antes de desativar os radares.
Mostro aqui um trecho de uma reportagem do Estadão:
- Alec Baldwin vai ser julgado por homicídio culposo; entenda
- Flordelis é condenada a 50 anos de prisão por homicídio
- Acidente aéreo que matou mãe de César Tralli é considerado homicídio culposo
- Eutanásia: qual o limite das decisões que podemos tomar sobre nosso corpo?
rodovia paulista mais vigiada por radares registrou 31% menos mortes em acidentes de trânsito do que a estrada com uma quantidade cinco vezes menor de medidores. Nos meses de janeiro e fevereiro dos últimos cinco anos, 78 pessoas morreram na Rio-Santos (SP-55), com 74 radares fixos.
No trecho paulista da Régis (BR-116), com 14 radares, houve 113 mortes no mesmo período, segundo dados do Infosiga.
Desde 2015, o sistema paulista de segurança no trânsito registra as mortes por acidente, incluindo as que acontecem em hospitais, após a remoção das vítimas.
As duas rodovias têm quase a mesma extensão e estão entre as estradas mais violentas de São Paulo. A SP-55 começa em Miracatu e vai até Ubatuba, divisa com o Rio, percorrendo praticamente todo o litoral, ao longo de 336 km. O trecho paulista da Régis vai da capital à divisa com o Paraná – 300 quilômetros. A via federal é toda duplicada, enquanto a SP-55 tem um terço em pista dupla. As duas passam por serras e têm muitas curvas. Na Rio-Santos, há um radar a cada 4,5 quilômetros.Na Régis, a média é de um a cada 21,4.
Conforme o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), o elevado número de radares na SP-55 se justifica porque a rodovia corta muitas áreas urbanas. Do total, 39 são do tipo lombada eletrônica, equipamento que informa ao motorista a velocidade”.