Nazismo faz TV Globo detonar ministro de Jair Bolsonaro

30/03/2019 09:58 / Atualizado em 11/09/2019 11:59

Reportagem da TV Globo no Jornal Nacional detonou a visão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre o nazismo.

O ministro Ernesto Araújo afirmou que o nazismo e o fascismo são resultados de “fenômenos de esquerda”.

A declaração foi feita ao canal Brasil Paralelo, no YouTube, e repete tese, antes restrita às mídias sociais.

O Jornal Nacional ouviu especialistas e historiadores. Afirmação do embaixador da Alemanha: “Besteira”.

Em entrevista ao jornal “O Globo” em setembro, o embaixador da Alemanha no Brasil, Georg Witschel, afirmou que “é uma besteira argumentar que o fascismo e o nazismo são movimentos da esquerda”.

“Isso não é fundamentado, é um erro, é simplesmente uma besteira”, acrescentou.

E concluiu: “O Estado alemão tem a missão de informar sobre o nazismo, para nunca mais deixar nada parecido acontecer na Alemanha ou no mundo”.

Peter Carrier é pesquisador na Alemanha e autor de um relatório da Unesco sobre o holocausto. Ele disse ao Jornal Nacional que é historicamente incorreto associar o nazismo como um movimento de esquerda. E que na própria fundação do movimento nazista, nos anos 1920, eles já se declaravam contra o marxismo e contra a União Soviética.

Segundo o pesquisador, a fala do ministro contribui para falsificar a história.

Para Ruth Bem-Ghiat, historiadora especializada em fascismo e autoritarismo pela universidade NYU, de Nova York (EUA), o ministro tem que reler os livros de história. E que faz parte de determinadas correntes políticas adotar uma versão que seja mais adequada aos seus interesses e que dizer que esses movimentos são de esquerda é simplesmente um “absurdo”.

Para Antonio Barbosa, historiador da Universidade de Brasília (UnB), falar que o nazismo é um fenômeno de esquerda é uma “fraude”.

“Uma fraude intelectual e uma releitura completamente equivocada da própria história. É como se fosse negar o fato histórico que aconteceu na Alemanha nos anos 1930, nos anos 1940. Esse é o primeiro ponto. O segundo é que o nazismo se justifica como a oposição mais vigorosa ao socialismo, à esquerda, ao comunismo. […] No caso da política externa, isso é extremamente perigoso porque mostra ao mundo uma visão sectária, radicalmente sectária no brasil, o que não é bom para o país”, afirmou.