Os melhores comentários para entender como Temer atinge Bolsonaro

22/03/2019 07:48

A seleção de notícias do Canal Meio ajuda a entender o impacto da prisão de Michel Temer no Governo Bolsonaro.
Ë mais uma obstáculo na reforma da previdência.

Os procuradores vêm trabalhando no pedido de prisão desde uma semana antes do Carnaval e incluíram, no argumento, votos dos ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes, pinçados entre os garantistas mais enfáticos da Corte. (Folha)

Rodrigo Maia não é particularmente próximo ao sogro, pertencem a grupos políticos distintos. Mas tinha acabado de saber da prisão de Moreira quando leu uma ilação de Carlos Bolsonaro, via Twitter, a respeito da decisão de priorizar a reforma da Previdência e não o pacote anticrime. “Há algo bem errado que não está certo”, escreveu o filho 02. No Instagram, foi mais direto: “Por que o presidente da Câmara anda tão nervoso?” Ontem, Maia mandou para o Planalto um recado: que Carlos seja contido ou ele abandonará a articulação pela reforma da Previdência. (Estadão)

Pela lista de Ascânio Seleme, faltam dois políticos do primeiro escalão contra quem há fartas denúncias e que no entanto seguem sem ameaça de prisão. O senador Renan Calheiros responde a 17 inquéritos por corrupção. O deputado Aécio Neves foi gravado pedindo dinheiro ao empresário Joesley Batista. (Globo)

Merval Pereira:
 “É uma demonstração de força da Lava-Jato, depois da derrota que sofreu no STF. É o modus operandi deles, dar o troco para deixar a sensação de que não são passíveis de controle. Cada vez que sofrem uma derrota, dão o troco alto.” (Globo)

Vera Magalhães: “A prisão coincide com um momento de intensa disputa de poder entre instituições e entre agentes públicos e políticos. Estão no tabuleiro as iniciativas do Supremo para ao mesmo tempo conter o ‘lavajatismo’ e reagir a críticas e investigações contra a corte; a necessidade de a própria Lava Jato reagir a sucessivos reveses; as agruras do ex-símbolo da Lava Jato Sérgio Moro em se adaptar à sua nova condição de ator da política; a dificuldade do governo de articular uma base no Congresso, e a maneira como o Congresso e a classe política tentam se recuperar do processo no qual foram dizimados pela Lava Jato e perderam força de negociação com o governo. Uma análise imediata das prisões permitiria tirar a conclusão de que elas são boa notícia para Bolsonaro, por atingirem um grupo político que foi apeado do poder com sua eleição e por vir num momento em que sua popularidade cai. Será? O tumulto atingindo o sogro do presidente da Câmara — Moreira Franco — e um partido que detém 30 votos coloca em xeque a já conturbada negociação da reforma da Previdência. Mais: se já era latente o conflito entre os políticos e Moro antes dessa nova investida da Lava Jato, agora as condições para que o ministro tenha êxito em sua negociação para o pacote anticrime se deterioram ainda mais. O discurso de que deve haver um fim da Lava Jato, cinco anos depois, já não é apenas entoado nos bastidores: começa a ser expressado publicamente. Resta saber como vai se portar Bolsonaro, eleito como consequência da ‘lavajatização’ da política e tendo em seu ministério o símbolo máximo da operação, mas ao mesmo tempo premido pela necessidade de destravar a economia, tarefa para a qual precisa contar com o Congresso.” (Estadão)

Carlos Melo: “A prisão do ex-presidente ocorreria mais cedo ou mais tarde. Deu-se mais cedo. Para o sistema político, é um cenário de terror: muitos sentem-se desprotegidos. Se figuras como Temer e Lula puderam ser recolhidos pela Justiça, quem não poderia? Nessas horas, em Brasília, o ar se rarefaz e o coração dispara: quem tem cargo tem medo. Quem não tem mais, também. E isso envolve a todos os partidos. Clima assim nunca foi encorajador de processos reformistas, estruturais ou fiscais. O foco de temas e votações necessárias para recomposição das contas da União, dos estados e dos municípios é desviado, como ocorreu quando foram reveladas as conversas entre o próprio Temer e Joesley Batista, em março de 2017. A reforma da Previdência pode, assim, virar artigo de luxo.” (Folha)