10 dicas de poemas brasileiros para ler com as crianças

20/10/2016 18:48

“Crianças são poetas por natureza”. O Catraquinha concorda, mas a frase não é nossa, é de Carlos Drummond de Andrade. O poeta faz uma observação certeira sobre o que é ser criança: fazer das palavras brinquedo, brincar com as sonoridades, significados e ritmos daquilo que dizemos. Em seus voos de invenção e fantasia, a criança apreende o mundo à sua maneira e faz poesia sem perceber. Afinal, como diria Manoel de Barros, “poesia é voar fora da asa”.

Para provocar ainda mais esse dom natural dos pequenos, ler poesia com e para eles, mais do que um momento para ficar na memória, é estabelecer vínculos emocionais e estimular desde cedo a relação de interesse e curiosidade com a linguagem literária em sua forma mais solta.

"Crianças são poetas por natureza", dizia Drummond. Então, por que não ler poesia para elas?
“Crianças são poetas por natureza”, dizia Drummond. Então, por que não ler poesia para elas?

Não ousaríamos dizer aqui o que é poesia, nem quem são os melhores poetas, mas neste 20 de outubro, Dia do Poeta, dividimos com os leitores algumas opções de poemas brasileiros que rimam bem com infância, com um trecho de cada para um gostinho.

1. O Menino Azul – Cecília Meireles

“O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios,
das montanhas, das flores,
– de tudo o que aparecer.

O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.

2. Pontinho de Vista – Pedro Bandeira

“Eu sou pequeno, me dizem,
e eu fico muito zangado.
Tenho de olhar todo mundo
com o queixo levantado.

Mas, se formiga falasse
e me visse lá do chão,
ia dizer, com certeza:
— Minha nossa, que grandão!”

3. A porta – Vinicius de Moraes

“Eu sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.

Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de supetão
Pra passar o capitão.”

4. Poeminha do Contra – Mario Quintana

“Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!”

5. O Direito das Crianças – Ruth Rocha

“Toda criança no mundo
Deve ser bem protegida
Contra os rigores do tempo
Contra os rigores da vida.”

6. A Lua foi ao Cinema – Paulo Leminski

“A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!”

Em seus voos de invenção e fantasia, a criança apreende o mundo à sua maneira e faz poesia sem perceber.
Em seus voos de invenção e fantasia, a criança apreende o mundo à sua maneira e faz poesia sem perceber.

7. Guarda-chuvas – Rosana Rios

“Tenho quatro guarda-chuvas
todos os quatro com defeito;
Um emperra quando abre,
outro não fecha direito.

Um deles vira ao contrário
seu eu abro sem ter cuidado.
Outro, então, solta as varetas
e fica todo amassado.”

8. A Centopeia – Marina Colasanti

“Quem foi que primeiro
teve a ideia
de contar um por um
os pés da centopeia?

Se uma pata você arranca
será que a bichinha manca?”

9. Canção para ninar dromedário – Sérgio Capparelli

Drome, drome
Dromedário

As areias
Do deserto
Sentem sono,
Estou certo.

10. Convite – José Paulo Paes

Poesia
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.

Só que
bola, papagaio, pião
de tanto brincar
se gastam.

As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.

Para ler os poemas na íntegra, clique aqui e aproveite. Mas sem esquecer que, como bem disse o poeta Manoel de Barros, “poesia não é para compreender, mas para incorporar”.