70% das crianças de 0 a 3 anos no Brasil não tem acesso a creches
70% das crianças brasileiras de zero a três anos não tem acesso a creches. A informação está na pesquisa “Cenário da Infância e Adolescência no Brasil“, divulgado pela Fundação Abrinq, a mesma que revelou que o Brasil possui mais de dois milhões de crianças em situação de trabalho infantil – clique aqui para ler.
A pesquisa reúne 23 indicadores sociais que revelam dados alarmantes sobre temas diversos, como moradia, violência contra a criança, acesso a água, e educação, utilizando como referência informações de orgãos e instituições públicas, como o Ministério da Educação.
Segundo o site do Centro de Referências em Educação Integral, Heloísa Oliveira, administradora executiva da Fundação Abrinq, afirma que as desigualdades sociais tornam o desafio na educação ainda maior, pois as regiões onde há menos creches são as mesmas onde há maior concentração de população de baixa renda. “A falta de acesso muitas vezes está combinada com a pobreza e a vulnerabilidade social, onde o desenvolvimento integral da criança não é garantido”, comenta.
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A carência do acesso
Se o panorama do acesso às creches é crítico quando falamos do âmbito nacional, o cenário não se altera muito nos municípios.
Em São Paulo, apenas uma em cada 20 crianças consegue vagas em creches por liminar da justiça. Mais de 100 mil crianças aguardam na fila de espera por uma vaga nas creches da cidade.
Os dados acima aparecem no documentário “Direito à educação infantil”, produzido pelo advogado Rubens Naves, do Grupo de Trabalho Interinstitucional sobre Educação Infantil (GTIEI) em conjunto com o projeto “Direito à Creche”. Clique aqui para ver.
Por que isso é tão grave?
A educação é um direito inalienável da criança. Porém, quando o Estado não oferece políticas públicas que garantam o acesso a esse direito, ele é deixado de lado, deixando as famílias reféns das instituições privadas, que oferecem experiências pelas quais a maioria dos brasileiros não pode pagar. Esse cenário perpetua uma realidade de exclusão e descaso com a infância.
No caso das mulheres, a situação é ainda mais delicada. Dados do IPEA informam que a jornada de trabalho das mulheres é de 7,5 horas a mais do que a dos homens, por semana, o que configura uma retrato da desigualdade de gênero e divisão sexual do trabalho.
Na prática, mulheres trabalham 55 horas por semana, contra 50 dos homens. Segundo o estudo, mais de 90% das mulheres continua trabalhando em afazeres domésticos após o expediente de trabalho formal. Quando o acesso à creche não é garantido, a dinâmica de cuidados e trabalho da família é ainda mais dificultada. Leia aqui a matéria completa do Catraquinha sobre a condição da mulher em relação às medidas propostas pela Reforma da Previdência, e como elas impactam diretamente a maternidade e o cuidado parental.
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