Aluna descobriu sozinha desvio milionário de bolsas na UFPR

Débora Sögur Hous, 25 anos, estudante de jornalismo da UFPR (Universidade Federal do Paraná), descobriu sozinha e com poucos recursos um desvio de mais de R$ 7 milhões, dinheiro que deveria custear bolsas de pesquisa na instituição.  A irregularidade levou 29 pessoas para a prisão.

Débora fez sua apuração com dados que estavam disponíveis na internet, a partir de consultas no Portal da Transparência do governo federal. A motivação dela surgiu da própria experiência, em 2014, quando uma de suas bolsas atrasou. Como bolsista, ela começou a verificar o site todos os meses para saber se os valores haviam sido depositados.

Depois que entendeu o sistema de publicação, a estudante detectou dados que escapavam do padrão e compilou informações sobre depósitos de valores bem acima da média, feitos para um pequeno número de pessoas (as demais bolsas eram para centenas de pessoas em uma mesma ordem de pagamento). Cabeleireira, taxista e artesã, por exemplo, recebiam dinheiro de pesquisa.

Sozinha e sem sair de casa, estudante de jornalismo descobriu desvio milionário de bolsas

Com os dados em mãos, ela buscou estudar técnicas de jornalismo investigativo. Fez dois cursos na Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), mais dois na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e também uma oficina do coletivo Livre.jor. Com o que aprendeu, Débora conseguiu amarrar as informações e montar toda a rede de pagamentos suspeitos.

Além do Portal de Transparência, ela usou o Google e o Facebook para saber quem eram os supostos bolsistas. Segundo o jornal Gazeta do Povo, que já trabalhava com uma reportagem sobre o assunto, a apuração feita pela estudante confere com as informações que foram posteriormente coletadas pela PF (Polícia Federal).

A servidora Conceição Abadia de Abreu Mendonça, responsável pela gestão do orçamento da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPR, havia montado uma rede para destinar recursos a conhecidos e pagar despesas pessoais (como honorários advocatícios, roupas e joias) na conta de prestadores de serviços com o dinheiro das bolsas.

Com informações do jornal Gazeta do Povo.