Valorização territorial: alunos criam dicionário de gírias

Lorena Bárbara Santos Costa, licenciada em pedagogia pela UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e professora concursada da Prefeitura Municipal de Salvador e Lauro de Freitas, escreveu sobre sua experiência para o site Porvir: em suas aulas, ela incentiva e cria atividades que fazem os alunos valorizarem seus bairros. Neste caso, periferias e favelas de Salvador.

Entre várias atividades, os alunos criaram um dicionário de gírias urbanas e brincadeiras da favela. A ideia era fazer com que os jovens pudessem compreender e valorizar sua cultura e o espaço em que vivem.

Ela introduziu a leitura de poemas do Sergio Vaz, poeta morador da periferia de São Paulo, para fazer uma relação com os temas estudados em classe. Lorena também mostrou projetos que valorizam a produção cultural com pessoas da periferia. Entre eles está o grupo Sarau da Onça, da periferia de Salvador, e a Universidade das Quebradas, no Rio de Janeiro.

“Outra atividade muito significativa que realizamos foi a construção do “Dicionário Interativo das Gírias Urbanas”. Nessa atividade, fizemos uma pesquisa sobre as gírias faladas nas comunidades e seus respectivos significados. Na atividade “Formas de Brincar na Favela”, os alunos realizaram pesquisas e debates sobre as diversas formas de brincar na favela e os direitos das crianças e dos adolescentes. Produzimos um livro com os nomes e o passo a passo das brincadeiras”, explicou a professora.

Na imagem, um trecho da música do grupo baiano “Parangolé”.

Como muitas brincadeiras na favela são improvisadas com materiais acessíveis, eles resolveram reconstruir no espaço escolar as diferentes maneiras de brincar e montaram, com sucata, brinquedos e brincadeiras, como andar no pé-de-lata, empinar pipas, futebol com bola de meia, amarelinha, pega-pega, vai e vem com garrafa pet, peteca de jornal, etc.

“A forma de brincar pelas crianças da favela também denota a construção da cultura. É através da forma de brincar que contextualizam e assemelham as ações e regras sociais e, em especial, as do local em que estão inseridas. O espaço da rua, os becos e as quebradas geralmente são os lugares em que a criança da favela tem disponível para experimentar as normas que estão submetidas e, assim, a partir do jogo simbólico, construir e reconstruir regras para exercer seu papel de cidadão”, escreveu.

O hip hop também já foi um dos focos de estudo. Lorena analisou diversas letras de rap com seus alunos e provocou para que identificassem a relação que cada uma delas tem com o dia a dia em que vivem.

“Trouxemos para a nossa escola como convidados um MC, um grafiteiro e um DJ. Os alunos tiveram a oportunidade de realizar uma entrevista para conhecer melhor a cultura hip hop. O dia da entrevista sem dúvida merece destaque, pois os convidados nos presentearam com várias lições de vida. Falaram das dificuldades de nascer, crescer e viver na favela e do preconceito enfrentado no dia a dia. Depois das entrevistas, os convidados realizaram um grande show para toda a comunidade escolar”.

Segundo Lorena, o resultado de todo esse trabalho foi muito positivo. E para finalizar, ela sugeriu que construíssem uma exposição de maquetes, feitas com sucata, dos lugares em que moravam. “O resultado foi maravilhoso”, afirmou.

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