Como a arte-terapia ajudou um menino a superar traumas da guerra

13/10/2016 17:31
Antes da arte-terapia, Miguel sofria com sintomas como agressividade e autoflagelação.
Antes da arte-terapia, Miguel sofria com sintomas como agressividade e autoflagelação.

“Ele tinha medo e estava sempre ansioso. Ele não conseguia ficar perto de pessoas e nem mesmo brincar com crianças da sua idade”, relatou a mãe do menino, em  uma matéria publicada no site da ONU.

A arte-terapia auxilia o menino a lidar com seus traumas de diversas maneiras. Mediada por uma psicóloga, as atividades atuam no nível simbólico, estabelecendo entre a criação artística e as violências vivenciadas uma relação de representação e consequente superação do medo.

Por exemplo, se em uma sessão de terapia o menino pega um pouco de massinha de modelar e monta uma gaiola, a solução do trauma se fundamenta de forma metafórica. Segundo sua psicóloga, a mensagem por trás desse gesto é conseguir dominar o “vilão”, que fica preso na estrutura.

“Problemas de saúde mental podem ser um conceito abstrato para pessoas que não tiveram contato direto com refugiados que sofrem distúrbios psicológicos”, explica a porta-voz e terapeuta da instituição, Veronique Harvey. “É por isso que promover a conscientização sobre as feridas emocionais é tão importante quanto torná-las visíveis para a sociedade e os governantes. Nem sempre é possível compreender as situações pelas quais as pessoas com doenças mentais passaram, mas precisamos ouvir, dar apoio e ajudá-las a reconstruir suas identidades e autoestima”, acrescentou.

A importância da arte-educação no ensino infantil

Em entrevista ao Portal Aprendiz, a pensadora e uma das responsáveis pelo estabelecimento da arte-educação no rasil, Ana Mae Barbosa defende. “Temos que pensar que a arte – e nós da arte – somos a resistência. Nenhum governo privilegia a arte ou sequer dá condições para seu desenvolvimento. A arte é inimiga do poder. (…) não tem nenhuma disciplina no currículo que possa dar conta disso, só a arte. Então a arte precisa ser colocada verticalmente no currículo. Se for por economia, acho que até o aluno pode escolher entre artes visuais, teatro ou dança, eu chego até aí, mas nunca a falta de uma verticalidade em arte.”

A educadora ressalta também o papel da expressão artística no combate à violência. “A arte também participa de uma campanha de não-violência, porque ela dá ferramentas para a expressão de subjetividades. O fato de ter esses desenhos, de temas duros, é bom porque significa que a criança não está produzindo para o olhar de ninguém além do dela, que ela está fazendo arte e se expressando.

Clique aqui para ler a entrevista completa.

*Com informações da ONU Brasil